No blogue Revisitar a Educação, a Fátima postou uma parábola de hoje. Lembrei-me, ao lê-la, de que eu tinha a mania de andar com um daqueles livrinhos do Padre Anthony Mello na carteira. Para quê e porquê? São pequeninos, podem ler-se em qualquer lado, quase não ocupam espaço e, de vez em quando, davam-me muito jeito. Imaginem um dia em que, como a Catarina muito bem disse, “Professora, hoje estamos todos com as hormonas muito agitadas”.
Resposta: “Caríssimos, para acalmarem, vou fazer um pequeno intervalo e ler-vos uma história”. E lia mesmo. Às vezes, ficávamos a dissecá-la, outras vezes a história já era lida com a promessa de que ficaria para conversa de intervalo.
Pois vou contar (não transcrever, porque os livros andam todos emprestados) a parábola de Jesus e o futebol. Sei-a quase de cor:
Soubemos, eu e alguns Amigos, que Jesus nunca tinha visto um desafio de futebol e resolvemos levá-lo a assistir a um jogo entre Católicos e Protestantes. A tarde estava magnífica, o campo estava cheio de adeptos calorosos e as duas equipas jogavam denodadamente, os Protestantes vestido de xadrez banco e preto e os Católicos de azul e branco.
De repente, os Católicos marcaram um golo e Jesus entusiasmou-se: gritou, bateu palmas, levantou-se do lugar, atirou o chapéu ao ar. Uma alegria.
Mas, daí a pouco os Protestantes marcaram também e Jesus fez a mesma coisa: gritou, bateu palmas, levantou-se do lugar, atirou o chapéu ao ar.
Olhámos uns para os outros e um dos Amigos que estava mesmo por detrás de Jesus tocou-lhe no ombro para lhe chamar a atenção e perguntou: “- Então, como é isso? Por quem é que estás a torcer?”
Jesus respondeu calmamente: “Torcer? Mas eu não vim torcer por ninguém, eu vim ver o jogo, vim divertir-me”.
A parábola não acaba aqui mas eu confesso um truque: quando a lia no 10º ano acabava aqui e ela já dava pano para mangas.
Logo no princípio do 11º ano, para ver quantos “centímetros tinham crescido por dentro”, eu arranjava – era tão fácil - maneira de voltar a ler a história e era interrompida pouco depois: “- Professora, essa já conhecemos. ”
“- Não conhecem o fim, que vos vou ler agora: Então, o Amigo que tinha interpelado Jesus virou-se para os que estavam ao lado e disse: Olha, mais um ateu!”
Pois é: somos crentes e ateus, sempre, ao mesmo tempo. Depende daquilo em que queremos acreditar. Mas esta é apenas uma das milhentas conclusões possíveis.
terça-feira, 6 de maio de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Carmo, esta é excelente! Não só para as aulas como para eu afixar no Revisitar a Educação. Ultimamente têm passado por lá uns leitores ou visitantes que andam muito preocupados em saber de que lado eu estou. Como estudei na escola de Nazaré, dá para perceber... Acho que pode ser uma boa reflexão para quem anda inquieto.
Se a Carmo não se importar eu afixava lá esta parábola. Parece-lhe bem?
O texto que a Carmo hoje apresenta já o usei de quando em vez e eles aderem muito bem. Nunca utilizei foi a estratégia que a Carmo utilizou. Vou experimentar e também ver como "crescem".
É verdade Fátima, andam para lá "uns" que eu também não percebi o que querem. Muita paciência tens tido tudo ao longo destes dias. E não vale a pena gastares mais tinta com essa metéria. A Carmo que me desculpe deixar aqui este parêntesis.
E Carmo, o nosso E.I, está de volta, e ainda bem!
E estamos em contagem descrescente... mas graças a Deus (e aos homens) vamos estar "perto".
Um grande sorriso.
Olá Raul,
espero que o powerpoint tenha chegado ao destino.
Quanto ao resto, vamos ignorar. Não alimento conversas sem sumo.
Um grande abraço.
Enviar um comentário