Amigos, vou contar-vos uma história que li há muitos anos, num manual que utilizei quando ensinei uma disciplina que se chamava "Língua e História Pátria": Era uma vez um rei que tinha um conselheiro que muito prezava pela sensatez dos seus conselhos. Este apreço caía mal nos invejosos e o nosso conselheiro tinha os seus inimigos do peito. Ora era pendor seu, sempre que tinha que aconselhar o rei sobre as medidas a tomar sobre qualquer coisa difícil, terminar com a expressão "Tudo o que Deus faz é pelo melhor".
Bem, um dia o princípe, filho único, num torneio caíu do cavalo e morreu e quando todos foram apresentar os pêsames, o nosso conselheiro lá foi, disse o que o coração lhe transmitia, mas acabou com a frase sacramental:"Tudo o que Deus faz é pelo melhor e V. Majestade tem de conformar-se, porque pode ser que esta infeliz morte tenha livrado o príncipe e o reino de alguma calamidade maior".
O rei ficou sentido e os invejosos logo aproveitaram para o atiçar e dizer que um conselheiro tão insensível merecia a morte. Tanto disseram e falaram que o rei, num ímpeto, mandou um carrasco a casa do conselheiro com ordens para lhe dar um golpe fatal assim que ele aparecesse. Ora o dia estava quente e o conselheiro estava no seu quarto, muito à vontade, mas quando ouviu, à porta, dizer que vinham da parte de el-rei, enfiou um roupão à pressa e veio a correr pelas escadas. Tropeçou no roupão, caiu, partiu uma perna e o carrasco não teve coragem de dar o golpe num homem caído no chão. Voltou ao palácio, disse ao rei o que se tinha passado, o rei pensou e disse que ficava tudo por ali. Já agora, ainda queria ver o que o conselheiro lhe diria quando ficasse bom...
Daí a um mês, agarrado a duas bengalas, o conselheiro foi ao paço real e o rei perguntou-lhe se ele ainda achava que tudo o que Deus faz é pelo melhor. Resposta do conselheiro:" Certamente, Majestade! Quem sabe sabe o que me aconteceria se não tivesse partido a perna!" Aí o rei caíu em si e pensou que, de facto, se ele não tivesse partido a perna, estaria morto.
Bem, no dia 26 de Maio, levantei-me cedo e fui meditar à beira mar. Levava vestido um bubu, que é um trajo comprido, até aos pés, e andava ali à babugem onde o mar encontra a praia. Estava a olhar para dentro e de repente vi que uma onda grande se vinha formando e que me iria molhar toda. Dei meia volta para fugir, virei o corpo todo, mas o meu pé direito ficou onde estava. Tinha fracturado os ossos que ligam o peróneo ao pé, além dos ossos do tornozelo. Fui operada na terça-feira, tenho 6 parafusos e uma placa de 15 centímetros, tive alta hoje e estou agora a chegar a casa e a pôr-me em dia convosco.
Posso trabalhar sentada numa cadeira, com o pé lesionado em cima de outra e na segunda-feira retomo as minhas actividades em pleno. Até lá tenho que treinar com duas canadianas, mas vai correr tudo bem. Hei-de publicar aqui uma foto com o meu glorioso pé direito armado em importante e sei que tudo o que Deus faz é pelo melhor.
quinta-feira, 29 de maio de 2008
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