Estou numa excitação tão excitada que nem encontro nenhum adjectivo apropriado. Só porque, daqui a pouco, me vêm bucar para eu ir "recauchutar" q minha biblioteca e a minha discoteca e a minha devedeteca... Ando lá por aqueles sítios, ouço as kizombas (que são sempre estórias, como os nossos fados antigos), ouço os sembas, leio o que levo (desta vez, entre obras de trabalho sobre analfabetismo funcional levei o 1808, que recomendo - fiquei com outro respeito por D. João VI), mas quando aqui chego é praticamente o meu primeiro mimo depois do cabeleireiro. Vou de lista e tudo! Mas perco sempre a cabeça!
Bem, mas a questão é esta: de onde me virá este Amor, esta Paixão, pelos livros, pela leitura? Creio que sei a resposta e vou dá-la, a mim e a quem ler esta conversa e a transforme de monólogo em diálogo: creio que veio daquela pobreza em que me criei e em que se compravam livros para usar como papel de embrulho. Foi aí, graças a Deus! Que escreve direito por linhas tortas. Àquela pergunta sacramental há uns anos atrás "Quem levaria para uma ilha deserta?", a minha resposta (mãe e esposa desnaturada!) seria sempre:"uma biblioteca!"
Lembrei-me de falar deste assunto não apenas pela excitação, já tão costumeira que nem me deveria admirar, mas para lembrar que as oportunidades estão em toda a parte. Que o nosso caminho, o de cada um, está cheio de sinais. Que devemos viver um pouco mais devagar para ver, para cheirar, para apalpar a Vida. Por favor, os mais jovens, não façam como eu, que trabalhei demais até aos 60 anos. De tal maneira, que às vezes me pergunto, honestamente, em consciência, se fazer voluntariado é gosto por ajudar ou se é vício que me ficou de trabalhar!
Hoje, doseio mais o que faço (e este pezinho direito vai ser um grande travão, agora que, de repente, descobri que não tenho nem 30 nem 40 anos...), mas sei que não posso parar. Só que faço aquilo que me dá prazer, falo com as pessoas de quem gosto e sou tão livre que estou em
condições de poder recusar um convite para jantar sem ofender o anfitrião.
E agora vou a correr para as livrarias, que já me chegou um motorista!
sexta-feira, 11 de julho de 2008
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