quinta-feira, 15 de maio de 2008

O Bambu chinês e a Gestação do Oculto


“Dizem que existe na China uma espécie de bambu absolutamente particular. Se semearmos uma semente em terreno propício, temos que nos prover de paciência… Com efeito, no primeiro ano não acontece nada: nenhum caule se digna sair do chão, nem o menor rebento. No segundo, também não. No terceiro? Nadinha! E no quarto? …Isso sim!
Só no quinto ano é que o bambu lança finalmente o seu rebento para fora da terra. Mas agora, num só ano, ele vai crescer doze metros: que “recuperação” espectacular A razão é simples: durante cinco anos, enquanto nada acontece à superfície, o bambu desenvolve secretamente prodigiosas raízes no solo graças às quais, chegado o momento, está em condições de fazer uma entrada triunfal no mundo visível, à luz do dia. (…)
O bambu chinês ensina-nos muitas e importantes coisas: Primeiro, mostra-nos que não é por não vermos que nada se está a passar. Depois, indica-nos que certas mudanças bruscas ou, por vezes, instantâneas, podem ser o resultado de uma lenta evolução que não nos é perceptível. (…)
Podemos observar o fenómeno do bambu chinês em muitos e variados domínios humanos. Ignorá-lo leva-nos muitas vezes a interpretar mal determinadas situações, seja alarmando-nos inutilmente com uma aparente falta de mudanças positivas, seja assentando a nossa calma na ausência enganosa de mudanças negativas, que não tardarão, contudo, a revelar-se.
Em matéria de educação, por exemplo, certas crianças progridem de de maneira constante e regular, enquanto outras parecem estagnar, não evoluir, acumulando atrasos. No entanto, entre elas encontram-se muitas “crianças-bambu” que, chegadas a um certo estádio da sua imperceptível maturação interior, vão repentinamente dar passos gigantescos no seu desenvolvimento, apanhando e por vezes ultrapassando aquelas em relação às quais as julgávamos atrasadas. (…)”
In “A rã que não sabia que tinha sido cozida e outras lições de Vida”, Olivier Clerc, Publicações Europa-Américo
Amigos, vim carregada de livros mas poucos trouxe, por excesso de peso, para Leitura-prazer. Trouxe comigo um pequeno desconhecido, de capa verde, cujo título me saltou à vista e acordou a minha curiosidade. Apesar de ter de me levantar às seis horas, não consigo deitar-me cedo, porque há sempre acertos a fazer para os trabalhos do dia seguinte mas isso não consegue vencer o meu hábito de quase 60 anos de ler SEMPRE antes de dormir. Encontrei lá , no tal livro, esta alegoria que achei interessante (aliás todas elas o são e se encontram nas acções mais triviais da nossa vida diária). Impressionou-me, sobremaneira, aquela frase: “não é por não vermos que nada se está a passar.” E muitas vezes nós é que não queremos ver, porque depois de saber, não se pode ignorar…
Até sempre.