domingo, 25 de maio de 2008

Cara de Avó

Aqui estou, em toda a minha glória, cabelo ao vento, com cara de Avó Pirueta. Para ver se este meio sorriso chama ao palco O Escondido Sorriso Imenso. Tirada no dia 15 de Maio, ao pôr do sol, com o mar ao fundo.
No meu lado esquerdo, só parte cabe na foto, o meu coração, a minha Caixinha de Afectos. Onde há sempre lugar para mais um que queira entrar.

S. Francisco de Assis

Embora saiba que este poste vai aparecer com data de 24 de Maio, como o anterior, aliás, estou, de facto, a escrever a 25, só que não sei nem tenho por aqui ninguém que saiba, actualizar a data e a hora. Estamos, portanto, num Domingo. Por outro lado, ainda que já conheça, com os olhos da alma, todos os que enchem, (mas deixando sempre espaço para quem quiser vir), a minha Caixinha de Afectos, queria deixar aqui um leve intróito explicativo: eu não sou nenhuma fundamentalista religiosa, nem freirática e muito menos beata!
Tenho falado últimamente muito em orações, Deus, Amor, e outros temas correlaccionados, apenas porque se entroncam em tudo o que estou a fazer. Não imaginam o que tenho aprendido, a estudar para poder partilhar (outra definição para ensinar)! E, ultimamente, no tempo certo, aprendi muito sobre a diferença entre "sofrimento" e "dor". Depois, a gente lê o nosso Raul e ele acorda-nos tão suavemente para outras realidades que estão mesmo à nossa frente e muitas vezes não identificamos...
Por isso apeteceu-me, a mim que nasci no dia de S. Francisco de Assis, "O Louco de Deus", publicar a sua Oração. Um Poema de Renúncia, chamo-lhe eu.
Senhor,
Fazei de mim um instrumento da Vossa Paz;
onde houver ódio, que eu leve o Amor;
onde houver ofensa, que eu leve o Perdão;
onde houver discórdia, que eu leve a União;
onde houver dúvida, que eu leve a Fé;
onde houver erro, que eu leve a Verdade;
onde houver desespero, que eu leve a Esperança;
onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
onde houver trevas, que eu leve a Luz.

Senhor,
Fazei que eu procure mais:
Consolar que ser consolado,
compreender que ser compreendido,
Amar que ser amado.

Pois é dando que se recebe,
É perdoando que se é perdoado
E é morrendo que se ressuscita para a Vida Eterna.



Deixem-me falar de Amor



Fala-se tanto de amor! Sim, de amor, assim, com letra pequena, porque não vale nada.
É uma palavra gasta, velha, desperdiçada. No entanto, na minha opinião, para crentes e ateus, para todos os Homens e Mulheres, só o Amor pode servir de padrão de Vida, porque ele tudo ensina, tudo conduz, tudo enforma, para tornar o nosso tempo neste mundo digno de ser vivido.
S. Paulo sabe que eu o acho um tanto pragmático, ter-lhe-ia feito bem talvez ter vivido um Amor terreno para lhe dar mais um pouco de aceitação do que somos, mas tem páginas admiráveis e a famosa Epístola aos Coríntios é um dos meus textos de eleição. Comemorámos, o meu Marido e eu, o nosso 40º aniversário de casamento no dia 3 de Maio de 2003. Ao princípio, ele achou ridículo: ninguém comemora, com uma festa aberta a convidados, 40 anos de casamento! Mas nessa tarde, na Missa celebrada especialmente para o efeito, ele leu a Epístola aos Coríntios (eu tinha pedido licença para tal, visto que não era a do dia) e depois – espanto dos espantos – quem fez a homilia fui eu. Porque eu queria que toda a gente soubesse que aquele Homem me tinha amado, a mim, com todas as minhas imperfeições, daquela maneira. Porque eu tive Pai e Mãe, mas quem me ajudou a crescer e a ser o que sou, foi o meu Marido, o Pai dos meus Filhos. E que me aconselha e ajuda ainda hoje. Se eu o quiser ouvir…
Daí a 23 dias, no dia 26 de Maio, faz, portanto, amanhã 5 anos, morreu como merecia, em paz e suavemente, durante a sua querida e imprescindível sesta da tarde. Nunca soube definir, até hoje, se devia agradecer ou zangar-me por não se ter despedido de mim. Eu não estava em casa. Então, para quem a não tiver à mão de ler, aqui vai a Epístola:

Ainda que eu fale as línguas dos homens
e dos anjos, se não tiver Amor,
serei como o bronze que soa
ou como o címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o Dom de profetizar
e conheça todos os mistérios e toda a ciência,
ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto
de transportar montanhas,
se não tiver Amor, nada serei.

E ainda que eu distribua todos
os meus bens entre os pobres
e ainda que entregue o meu próprio corpo
para ser queimado,
se não tiver Amor,
nada disso me aproveitará.

O Amor é paciente, é benigno,
o Amor não arde em ciúmes,
não se ufana, não se ensoberbece,
não se conduz inconvenientemente,
não procura os seus interesses,
não se exaspera,
não se ressente do mal;
não se alegra com a injustiça,
mas regozija-se com a verdade.
tudo sofre, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta.

O Amor jamais acaba.
Mas, havendo profecias, desaparecerão;
havendo línguas, cessarão;
havendo ciência, passará.
Porque em parte conhecemos,
e em parte profetizamos.
Quando, porém, vier o que é perfeito,
o que então o é em parte será aniquilado.

Quando eu era menino,
falava como um menino,
sentia como um menino.
Quando cheguei a ser homem,
desisti das coisas próprias de menino.
Porque agora vemos como em espelho,
obscuramente, e então veremos face a face;
agora conheço em parte e então,
conhecerei como sou conhecido.

Agora, pois, permanecem a Fé,
a Esperança e o Amor.
Estes três.
Porém, o maior deles é o Amor.”

Alguns séculos mais tarde, Santo Agostinho escreveria: “Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos.”