António Botto, Poeta infeliz que, para viver sem hipocrisias sofreu horrores, também o traduziu. Aqui vai ele, para corresponder especialmente ao pedido da Teresa de Longe.
Se tu podes impor a calma, quando aqueles
Que estão ao pé de ti a perdem censurando
A tua teimosia nobre de a manter.
Se sabes aguardar sem ruga e sem cansaço,
Privar com Reis continuando simples,
E na calúnia, não recorrer à infâmia
Para com arma igual e em fúria responder.
- Mas não aparentar bondade em demasia
Nem presumir de sábio ou pretender
Manifestar excesso de ousadia.
Se o Sonho não fizer de ti um escravo
E a luz do pensamento não andar
Contigo num domínio exagerado.
Se encaras o triunfo ou a derrota
Serenamente, firme, e reforçado
Na coragem que é necessário ter
Para ver a verdade atraiçoada,
Caluniada, espezinhada e ainda
Os nossos ideais por terra, mas erguê-los
De novo em mais profundos alicerces
E proclamar com alma essa verdade!,
Se perdes tudo quanto amealhaste
E voltas ao princípio sem um ai,
Um lamento, uma lágrima e sorrindo,
Te debruçares sobre o coração
Unindo outras reservas à vontade
Que quer continuar, e prosseguindo,
Chegar ao Infinito da Razão,
Se a multidão te ouvir entusiasmada,
E a Virtude ficar no seu lugar,
Se Amigos e Inimigos não conseguem
Ofender-te e se quantos te procuram
Para contar com o teu esforço não contarem
Uns mais do que outros, - olha-os por igual!,
Se podes preencher esse minuto,
Com sessenta segundos de existência
No caminho da Vida percorrido,
Embora essa existência seja dura,
À força das tormentas que a consomem,
Bendita a tua essência, a tua origem,
o mundo será teu,
e tu serás um Homem!
(versão de António Botto do poema de Kipling)
Que estão ao pé de ti a perdem censurando
A tua teimosia nobre de a manter.
Se sabes aguardar sem ruga e sem cansaço,
Privar com Reis continuando simples,
E na calúnia, não recorrer à infâmia
Para com arma igual e em fúria responder.
- Mas não aparentar bondade em demasia
Nem presumir de sábio ou pretender
Manifestar excesso de ousadia.
Se o Sonho não fizer de ti um escravo
E a luz do pensamento não andar
Contigo num domínio exagerado.
Se encaras o triunfo ou a derrota
Serenamente, firme, e reforçado
Na coragem que é necessário ter
Para ver a verdade atraiçoada,
Caluniada, espezinhada e ainda
Os nossos ideais por terra, mas erguê-los
De novo em mais profundos alicerces
E proclamar com alma essa verdade!,
Se perdes tudo quanto amealhaste
E voltas ao princípio sem um ai,
Um lamento, uma lágrima e sorrindo,
Te debruçares sobre o coração
Unindo outras reservas à vontade
Que quer continuar, e prosseguindo,
Chegar ao Infinito da Razão,
Se a multidão te ouvir entusiasmada,
E a Virtude ficar no seu lugar,
Se Amigos e Inimigos não conseguem
Ofender-te e se quantos te procuram
Para contar com o teu esforço não contarem
Uns mais do que outros, - olha-os por igual!,
Se podes preencher esse minuto,
Com sessenta segundos de existência
No caminho da Vida percorrido,
Embora essa existência seja dura,
À força das tormentas que a consomem,
Bendita a tua essência, a tua origem,
o mundo será teu,
e tu serás um Homem!
(versão de António Botto do poema de Kipling)