Conta-se que uma comunidade de frades vivia em contemplação e na mais estrita frugalidade. Assim, 365 dias por ano, 366 nos anos bissextos, eles comiam ao almoço o equivalente a três colheres de arroz, um pedacinho de carne, isto enfeitado com um raminho de salsa.
Um belo dia, sem qualquer justificação, o pedacinho de carne não apareceu e ninguém disse nada. Obedientemente, comeram o arroz, calados. Daí a umas semanas, veio só o arroz em cada prato. Aí, um dos monges, mais jovem, pediu para falar e disse, dirigindo-se ao Superior: "Pai, eu quero o meu raminho de salsa, se me permite":
E o Superior respondeu: - "Mas porquê, meu filho? Antes de mandar retirar a salsa, tive o cuidado de verificar que ninguém a comia. O raminho de salsa ficava sempre no prato":
Resposta do "reclamante": - "Sim, Pai, isso é verdade. Mas mesmo assim quero a minha salsa. Há tempos tiraram-nos a carne e nós calámo-nos. Agora tiram-nos a salsa. Se nós não dissermos nada, qualquer dia tiram-nos também o arroz! E depois?"
Quem tiver olhos para olhar, veja! Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça!
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Falta de brio profissional

que logo na sala me deixou um bocado admirada: colocou a chamada box no soalho, quando tinha por cima uma prateleira vazia que, aliás, estava aí para o efeito.
Fiquei na sala enquanto ele foi para o quarto, tivemos um ligeiro quiproquo por causa da Internet, assinei o papel e o homem foi-se embora "porque já eram 6 horas".
Quando cheguei ao quarto ia-me dando um ataque: Como o cabo era curto, o homem, em vez de me chamar, não esteve com meias medidas: pegou numa caixa que eu tinha à vista, depois colocou-lhe um leitor de cassetes por cima, mais uma cassete e colocou a box na vertical!
Nessa altura eu ainda andava com duas canadianas (agora é só uma) e notem o perigo que era eu andar por ali.
Não refiro o servidor, pois assim que reclamei foram impecáveis, pediram-me para fotografar e reclamar. Como tal me tinha sido pedido expressamente, assim o fiz. Por motivos meus, só vieram repetir todo o serviço no dia 2 de Agosto e ficou tudo numa boa.
Agora gostaria de saber se este funcionário (que era extra-empresa, pertencendo, portanto, a uma empresa subcontratada) é feliz. Não pode ser! Como ser feliz, como pode gostar de si alguém que é capaz de apresentar um serviço tão mal feito! Tive pena dele, porque tenho a certeza de que há algo que ele gostaria de fazer, em que se aplicaria, em que teria brio. Mas isso não desculpa o trabalho feito. Assim como não perdoo que as pessoas se desculpem de fazer as coisas mal feitas ou demoradas "porque ganham pouco". É uma questão de princípio: quando se aceita fazer algo é para ser bem feito!
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Eufemismos
Vivam todos os Amigos que aqui fiz e que devem estar mais ou menos todos a gozar merecidas férias. Tenho achado um tanto ou quanto digno de menção o facto de a maior parte das pessoas com quem tenho contactado só se considerarem estar de férias quando partem para algum lado.
Ora eu que, neste momento, profissionalmente, digamos que estou sempre de férias, lembro-me de que "férias era (e ainda é) sair da rotina, fazer coisas diferentes. E uma delas era gozar, usufruir, a minha casa, em que passava tão pouco tempo durante o dia. Férias, para mim, significavam uma grande volta à casa, às coisas, aos hábitos domésticos, assim como que um "retiro de ménage". E uma ou duas semanas na casa da aldeia.
Depois, férias significaram, durante anos, além do retiro doméstico, (não esqueçamos que esse eram já muito boas férias) campismo (ou antes, caravanismo), pic-nics, em que o Pai ensinava aos filhos os nomes das plantas, dos animais, das rochas. Em que se oferecia um "Corneto" a quem lavasse a louça toda bem lavada e a arrumasse nos sítios. Até que eles casaram e férias eram o retiro mais um passeio a dois por Portugal e pela Galiza, de carro, sem destino marcado, ao correr da nossa vontade.
Agora, que não tenho rotinas, é sempre férias, mesmo em casa. Mas quando saio olho bem para o que se vê por essa cidade fora e um dia destes, ia eu com um bom Amigo (agora não é eufemismo...) e vimos este anúncio, ali para os lados do Carvalhido e não pudemos deixar de soltar uma bela e saborosa gargalhada: Cirurgião de esgotos! Em Português e em Inglês! É assim mesmo!
Pois é assim mesmo porque nós vivemos num tempo de eufemismos. Não se reprova - fica-se retido; não se morre -falece-se; as oficinas que lavam carros chamam-se agora "estética-auto". E esta falência generalizada em que, pelo menos aparentemente, se vive, designa-se por "crise".
Pois é, eu tencionava ter começado ontem mas estava à espera de boas notícias para comentar ou apresentar. E dessas apenas posso referir que a minha empregada interrompia todos os dias as suas merecidas férias para vir regar o meu jardim varandal enquanto estive na aldeia. É ou não digno de nota?
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Divirtam-se, descansem, cultivem(-se), vivam um pouco mais devagar
Amigos,
como felizmente a minha Caixinha de Afectos se tornou muito grande e tenho receio de, por velhice, me esquecer de algum nome, não vos vou nomear. Mas quero deixar aqui a todos os Amigos, a todos os que me adoptaram como Avó, os votos muito profundos de que tenham umas óptimas férias. Vou sair da cidade por uns tempos e quero embeber-me na paisagem aldeã o mais completamente possível, o que não inclui Internet...
Portanto, por uns tempos, dou-vos descanso da minha presença diária. A todos, o meu Amor. Sim, Amor. Amizade é uma forma de Amor. Escrever um poste porque alguém conta com ele é uma forma de Amor. Fazer um comentário é uma forma de Amor. Amar é tão simples! E dar descanso também o é, ora essa!
Estou-vos imensamente grata pela paciência com que trataram esta anciã (!) e a recepção que me deram. Contem comigo para aquilo que eu possa ajudar. Trabalhar faz bem. E há tanta coisa em que posso ajudar: rever textos, fazer pesquisas, sei lá que mais! Estou aqui! Um abraço blogosférico ... Avó Pirueta
como felizmente a minha Caixinha de Afectos se tornou muito grande e tenho receio de, por velhice, me esquecer de algum nome, não vos vou nomear. Mas quero deixar aqui a todos os Amigos, a todos os que me adoptaram como Avó, os votos muito profundos de que tenham umas óptimas férias. Vou sair da cidade por uns tempos e quero embeber-me na paisagem aldeã o mais completamente possível, o que não inclui Internet...
Portanto, por uns tempos, dou-vos descanso da minha presença diária. A todos, o meu Amor. Sim, Amor. Amizade é uma forma de Amor. Escrever um poste porque alguém conta com ele é uma forma de Amor. Fazer um comentário é uma forma de Amor. Amar é tão simples! E dar descanso também o é, ora essa!
Estou-vos imensamente grata pela paciência com que trataram esta anciã (!) e a recepção que me deram. Contem comigo para aquilo que eu possa ajudar. Trabalhar faz bem. E há tanta coisa em que posso ajudar: rever textos, fazer pesquisas, sei lá que mais! Estou aqui! Um abraço blogosférico ... Avó Pirueta
Vou dar férias... Vou para férias... E fazer bagi...
Ora, meus Amigos, eu agora estou naquela fase mágica da vida em que não tenho horários de trabalho, faço o que quero, às horas que quero, portanto, estou sempre de férias.
Aparentemente, mas de facto, mesmo as actividades em que me meto fazem parte do meu prazer de férias.
Por isso, e depois de passar a receita do bagi de batata para o Clap; Clap, Clap, etc. Clap, o que vou fazer de seguida, vou também dar férias: aos Amigos que me lêem e ao blogue.
Aproveitem bem, organizem-se, amem, beijem, abracem, digam às pessoas que amam que as amam, não deixem nada dessas coisas para amanhã. Porque, reparem:
Clap, aqui vai o bagi de batata
Ingredientes para 3 ou 4 pessoas: 4 batatas grandes ou 6 médias; uma cebola grande, bem picada; duas colheres de sopa bem cheias de sementes de mostarda castanha; 10 folhas de caril; 4 malaguetas verdes, uma colher de chá de cominhos moídos; uma colher de chá bem cheia de açafrão das Índias; coentros frescos; 3 colheres de óleo de amendoim; alguma água.
As folhas de caril e as sementes de mostarda compram-se nas lojas dos indianos. As folhas de caril deveriam ser frescas e chamam-se, na verdade, folhas de caripat. Não há frescas mas há estas secas que servem muito bem.
Descasca-se as batatas e cortam-se em cubinhos de uns 5mm de lado. Quando estiverem todas cortadas, cobrem-se com água e sal e devem ficar assim pelo menos 10 minutos.
Num tacho, põe-se as três colheres de sopa de óleo de amendoim e quando estiver quente, lança-se as sementes de mostarda e deixam-se estalar. Junta-se a cebola ficada e fica a estrugir um bocado. Quando começa a gritar por água, juntamos as batatas escorridas, as folhas de caril, as malaguetas cortadas aos pedaços e o açafrão. Mexe-se e acrescenta-se água. Deve ficar no fim com muito pouco líquido. Coze em fogo lento e quando as batatas estiverem praticamente cozidas junta-se os cominhos e, a terminar, os coentros frescos cortados aos bocados, mesmo à mão.
Serve-se assim, como aperitivo ou com um simples ovo estrelado ou escalfado, serve de refeição.
Espero que gostes e informo que hoje fiz o bolo de cenoura com a cobertura de chocolate e estava uma delícia...
Aparentemente, mas de facto, mesmo as actividades em que me meto fazem parte do meu prazer de férias.
Por isso, e depois de passar a receita do bagi de batata para o Clap; Clap, Clap, etc. Clap, o que vou fazer de seguida, vou também dar férias: aos Amigos que me lêem e ao blogue.
Aproveitem bem, organizem-se, amem, beijem, abracem, digam às pessoas que amam que as amam, não deixem nada dessas coisas para amanhã. Porque, reparem:
É manhã. Já canta o galo.
Já canta o galo. É manhã.
Já canta o galo? Deixá-lo!
Quem sabe se vão matá-lo
E já não canta amanhã?!
O mundo está cheio de galos
que não cantam amanhã!
Clap, aqui vai o bagi de batata
Ingredientes para 3 ou 4 pessoas: 4 batatas grandes ou 6 médias; uma cebola grande, bem picada; duas colheres de sopa bem cheias de sementes de mostarda castanha; 10 folhas de caril; 4 malaguetas verdes, uma colher de chá de cominhos moídos; uma colher de chá bem cheia de açafrão das Índias; coentros frescos; 3 colheres de óleo de amendoim; alguma água.
As folhas de caril e as sementes de mostarda compram-se nas lojas dos indianos. As folhas de caril deveriam ser frescas e chamam-se, na verdade, folhas de caripat. Não há frescas mas há estas secas que servem muito bem.
Descasca-se as batatas e cortam-se em cubinhos de uns 5mm de lado. Quando estiverem todas cortadas, cobrem-se com água e sal e devem ficar assim pelo menos 10 minutos.
Num tacho, põe-se as três colheres de sopa de óleo de amendoim e quando estiver quente, lança-se as sementes de mostarda e deixam-se estalar. Junta-se a cebola ficada e fica a estrugir um bocado. Quando começa a gritar por água, juntamos as batatas escorridas, as folhas de caril, as malaguetas cortadas aos pedaços e o açafrão. Mexe-se e acrescenta-se água. Deve ficar no fim com muito pouco líquido. Coze em fogo lento e quando as batatas estiverem praticamente cozidas junta-se os cominhos e, a terminar, os coentros frescos cortados aos bocados, mesmo à mão.
Serve-se assim, como aperitivo ou com um simples ovo estrelado ou escalfado, serve de refeição.
Espero que gostes e informo que hoje fiz o bolo de cenoura com a cobertura de chocolate e estava uma delícia...
domingo, 27 de julho de 2008
Hoje foi a pensar em Henrique V, de Inglaterra
Hoje acordei a pensar no discurso de Henrique V, na peça de Shakespeare com o mesmo nome e que o Rei fez aos seus pouco mais de 10 000 soldados que se preparavam para lutar com mais de 60 000 franceses. Foi no dia de S. Crispim ou S. Crispiniano (25 de Outubro de 1415) e aparece muitas vezes referenciado como "O Discurso de S. Crispim". Para o entendermos melhor é bom que recordemos que muitos cavaleiros da mais alta nobreza pensavam desistir devido à enorme disparidade de forças, especialmente o conde de Westmoreland, primo do monarca. Mas o Rei galvanizou-os para a vitória de Azincourt (Guerra dos Cem Anos) com o seu discurso. Que vos apresento numa tradução nem muito livre nem muito fiel.
Aqui vai;
"Quem expressa esse desejo de mais soldados? Meu primo Westmoreland? Não, meu simpático primo; se estamos destinados a morrer, o nosso país não tem necessidade de perder mais homens do que nós temos aqui; e, se devemos viver, quanto menor for o nosso número, maior será a parte da honra para cada um de nós.
Pela vontade de Deus! Não desejes nem mais um homem, te rogo! Por Júpiter! Não sou avaro de ouro, e pouco me importo se vivem às minhas expensas: pouco me importa que outros usem as minhas roupas: essas coisas externas não encontram abrigo entre as minhas preocupações. Mas se ambicionar a honra é pecado, sou a alma mais pecadora que existe. Não, por fé, não desejes nenhum homem mais da Inglaterra. Paz de Deus! Não quereria, pela melhor das esperanças, expor-me a perder uma honra tão grande, que um homem a mais poderia talvez querer compartilhar comigo. Oh! Não anseis por nenhum homem a mais! Proclama antes, através do meu exército, Westmoreland, que aquele que não for com coração à luta, poderá retirar-se: dar-lhe-emos um passaporte e poremos na sua mochila algum dinheiro para a viagem; não queremos morrer na companhia de um homem que teme morrer como companheiro nosso.
O dia de São Crispim: este dia é o da festa de São Crispim; aquele que sobreviver a este dia voltará são e salvo ao seu lar e colocar-se-á na ponta dos pés quando se mencionar esta data, ele crescerá sobre si mesmo ante o nome de São Crispim. Aquele que sobreviver a este dia e chegar à velhice, cada ano, na véspera desta festa, convidará os amigos e lhes dirá: "Amanhã é dia de São Crispim". E então, arregaçando as mangas, ao mostrar-lhes as cicatrizes, dirá: "Recebi estas feridas no dia de São Crispim."
Os velhos esquecerão; mas, aqueles que não esquecem tudo, lembrar-se-ão todavia, com satisfação, das proezas que levaram a cabo neste dia. E então os nossos nomes serão tão familiares nas suas bocas como os nomes dos seus parentes: o rei Harry, Bedford, Exeter, Warwick e Talbot, Salisbury e Gloucester serão ressuscitados pela recordação viva e saudados com o tilintar dos copos. O bom homem ensinará esta história ao seu filho, e desde este dia até o fim do mundo, a festa de São Crispim e Crispiano nunca chegará sem que venha associada à nossa recordação, à lembrança do nosso pequeno exército, do nosso bando de irmãos; porque aquele que verter hoje o seu sangue comigo, por muito vil que seja, será meu irmão, esta jornada enobrecerá sua condição e os cavaleiros que permanecem agora no leito em Inglaterra considerar-se-ão como malditos por não estarem aqui, e sentirão a sua nobreza diminuída quando ouvirem falar daqueles que combateram convosco no dia de São Crispim."
Levantei-me e fui ler o texto: em inglês e nesta tradução que fiz há tempos e fiquei a pensar: "Por que é que me lembrei deste discurso? " Neste momento, penso que sei. Sei que temos uma grande batalha a travar pela verdadeira Educação, somos poucos a enfrentar muitos, mas será uma honra nunca esquecida se conseguirmos arrumar esta casa. Infelizmente (e não sou nada de me queixar da idade), precisaria de ter menos 20 anos. E esta ira que não considero pecado, esta vontade de fazer valer o que é importante, esta coragem de denunciar o que é trabalho de impostores.
Aqui vai;
"Quem expressa esse desejo de mais soldados? Meu primo Westmoreland? Não, meu simpático primo; se estamos destinados a morrer, o nosso país não tem necessidade de perder mais homens do que nós temos aqui; e, se devemos viver, quanto menor for o nosso número, maior será a parte da honra para cada um de nós.
Pela vontade de Deus! Não desejes nem mais um homem, te rogo! Por Júpiter! Não sou avaro de ouro, e pouco me importo se vivem às minhas expensas: pouco me importa que outros usem as minhas roupas: essas coisas externas não encontram abrigo entre as minhas preocupações. Mas se ambicionar a honra é pecado, sou a alma mais pecadora que existe. Não, por fé, não desejes nenhum homem mais da Inglaterra. Paz de Deus! Não quereria, pela melhor das esperanças, expor-me a perder uma honra tão grande, que um homem a mais poderia talvez querer compartilhar comigo. Oh! Não anseis por nenhum homem a mais! Proclama antes, através do meu exército, Westmoreland, que aquele que não for com coração à luta, poderá retirar-se: dar-lhe-emos um passaporte e poremos na sua mochila algum dinheiro para a viagem; não queremos morrer na companhia de um homem que teme morrer como companheiro nosso.
O dia de São Crispim: este dia é o da festa de São Crispim; aquele que sobreviver a este dia voltará são e salvo ao seu lar e colocar-se-á na ponta dos pés quando se mencionar esta data, ele crescerá sobre si mesmo ante o nome de São Crispim. Aquele que sobreviver a este dia e chegar à velhice, cada ano, na véspera desta festa, convidará os amigos e lhes dirá: "Amanhã é dia de São Crispim". E então, arregaçando as mangas, ao mostrar-lhes as cicatrizes, dirá: "Recebi estas feridas no dia de São Crispim."
Os velhos esquecerão; mas, aqueles que não esquecem tudo, lembrar-se-ão todavia, com satisfação, das proezas que levaram a cabo neste dia. E então os nossos nomes serão tão familiares nas suas bocas como os nomes dos seus parentes: o rei Harry, Bedford, Exeter, Warwick e Talbot, Salisbury e Gloucester serão ressuscitados pela recordação viva e saudados com o tilintar dos copos. O bom homem ensinará esta história ao seu filho, e desde este dia até o fim do mundo, a festa de São Crispim e Crispiano nunca chegará sem que venha associada à nossa recordação, à lembrança do nosso pequeno exército, do nosso bando de irmãos; porque aquele que verter hoje o seu sangue comigo, por muito vil que seja, será meu irmão, esta jornada enobrecerá sua condição e os cavaleiros que permanecem agora no leito em Inglaterra considerar-se-ão como malditos por não estarem aqui, e sentirão a sua nobreza diminuída quando ouvirem falar daqueles que combateram convosco no dia de São Crispim."
Levantei-me e fui ler o texto: em inglês e nesta tradução que fiz há tempos e fiquei a pensar: "Por que é que me lembrei deste discurso? " Neste momento, penso que sei. Sei que temos uma grande batalha a travar pela verdadeira Educação, somos poucos a enfrentar muitos, mas será uma honra nunca esquecida se conseguirmos arrumar esta casa. Infelizmente (e não sou nada de me queixar da idade), precisaria de ter menos 20 anos. E esta ira que não considero pecado, esta vontade de fazer valer o que é importante, esta coragem de denunciar o que é trabalho de impostores.
sábado, 26 de julho de 2008
Ser ou não crente
Ontem mostrei como um Pai mostrou ao filho o que era a verdadeira coragem. Hoje, se me permitem, quero falar de Amor. Por causa de Deus.Por causa dos deuses. Por causa do Medo. Por causa da Esperança.
Hoje há uma ideia de que a Fé, a religiosidade, pela menos a católica, está a decrescer. O Homem, se acredita em alguma coisa, dizem, acredita em si próprio. Há também, trazida pelos media, a ideia de que religiões como o islamismo por uma lado e religiões orientais, como o budismo e o hinduismo, estão a seduzir cada vez mais pessoas.
Não contesto nem confirmo nenhuma destas ideias. O que eu sinto é que, apesar de tudo, as pessoas procuram Deus. Procuram-n'O nos lugares mais estranhos, mas procuram-n'O. Porque eu sinto que a nossa vida precisa de Deus como meta e farol.
Há muitas pessoas que dizem que a Igreja é que estragou a Fé. Ora, quando dou catequese, a primeira coisa que digo aos meninos é que a Igreja que nos interessa não é aquele edifício feito de pedra, de barro, de paus e folhas secas. Isso é uma casa, que, mais tarde, pode servir para outra coisa qualquer. A Igreja são os cristãos todos juntos. Mas, entre adultos, ouso ir mais além: a Igreja é o conjunto de todos os Homens e Mulheres de Boa Vontade que vivem de acordo com a verdadeira consciência, a ética, a solidariedade.
A Igreja tem afastado crentes por ser constituída por homens e mulheres que, humanos que são, fraquejam. Ora eu não acho que nos devamos afastar daquilo em que acreditamos porque outros fazem mau uso disso. Cada um é livre, pois Deus fez-nos livres de escolher como agir e viver.
Portanto, quando ouço dizer a alguém que não é crente, não acredito à primeira. E, em 80% dos casos tenho razão: as pessoas já crêem nessa altura, já andam preocupadas com Alguém que lhes faz falta para as preencher completamente. Já andam à procura sem o saberem.
É claro que também há os deuses: o dinheiro, a fama, o orgulho, o poder, só para citar os mais conhecidos.
Mas todo aquele que não deseja mal, que não faz mal, que respeita os outros, que os ajuda se e quando necessário, que está presente sempre que é preciso, que é capaz de partilhar o que é seu com outros (seja riqueza, conhecimento, sentimentos), esse é crente. Esse é um ou uma entusiasmada pela Vida, pelo Outro, pela Terra. E esta palavra quer dizer, etimologicamente, "ter o deus em si".
É claro que temos o outro lado da questão - o que diz: eu sou crente mas não vou à Missa. E por que não? É um sinal público de que se crê. Porque Jesus disse que Ele estaria onde estivessem dois ou mais reunidos em Seu nome. E quem estiver sozinho? Não se preocupe. Afinal, eu estou convencida (Deus me perdoe) que as igrejas se enchem de gente sem Fé, sem Esperança, sem Amor. Por hábito. Por vista. O que interessa é que façamos o que façamos, o façamos com convicção e Amor.
Deus, o meu Deus, que é o de toda a gente, não é uma Pessoa. É Amor. É Alegria. É Compaixão. Deus é uma Festa contínua, mesmo quando sofremos, porque conseguimos ver algum objectivo no nosso sofrimento.
Ele conhece-nos a todos, um por um. Ama-nos tanto que colocou entre nós o Seu Filho Deus, Jesus Cristo. O que fez Jesus de extraordinário? Milagres? Não, Jesus nem sequer gostava de fazer milagres. Ele pedia que não os contassem a ninguém. Jesus viveu em Verdade. Viveu e morreu como um Homem, com a única diferença de que achava que todos eram dignos de Amor. E que o Amor era para se mostrar, fazendo, agindo e não simplesmente rezando.
Portanto, meus Amigos que dizeis que não sois crentes, como agis de acordo com os principais mandamentos - de facto, só há um: amai -vos uns aos outros - sois crentes. O que, não tendo eu nada com isso, me faz feliz. Porque talvez eu me torne mais capaz de me encontrar um dia com todos os que amei num lugar de infinita Alegria e Paz. Desculpem a homilia.
PS. Sei que corro riscos, mas isso é um risco de quem tem Fé e a quer mostrar. E um dia destes, vou dizer-vos o que penso da deserção do encontro dominical...
Hoje há uma ideia de que a Fé, a religiosidade, pela menos a católica, está a decrescer. O Homem, se acredita em alguma coisa, dizem, acredita em si próprio. Há também, trazida pelos media, a ideia de que religiões como o islamismo por uma lado e religiões orientais, como o budismo e o hinduismo, estão a seduzir cada vez mais pessoas.
Não contesto nem confirmo nenhuma destas ideias. O que eu sinto é que, apesar de tudo, as pessoas procuram Deus. Procuram-n'O nos lugares mais estranhos, mas procuram-n'O. Porque eu sinto que a nossa vida precisa de Deus como meta e farol.
Há muitas pessoas que dizem que a Igreja é que estragou a Fé. Ora, quando dou catequese, a primeira coisa que digo aos meninos é que a Igreja que nos interessa não é aquele edifício feito de pedra, de barro, de paus e folhas secas. Isso é uma casa, que, mais tarde, pode servir para outra coisa qualquer. A Igreja são os cristãos todos juntos. Mas, entre adultos, ouso ir mais além: a Igreja é o conjunto de todos os Homens e Mulheres de Boa Vontade que vivem de acordo com a verdadeira consciência, a ética, a solidariedade.
A Igreja tem afastado crentes por ser constituída por homens e mulheres que, humanos que são, fraquejam. Ora eu não acho que nos devamos afastar daquilo em que acreditamos porque outros fazem mau uso disso. Cada um é livre, pois Deus fez-nos livres de escolher como agir e viver.
Portanto, quando ouço dizer a alguém que não é crente, não acredito à primeira. E, em 80% dos casos tenho razão: as pessoas já crêem nessa altura, já andam preocupadas com Alguém que lhes faz falta para as preencher completamente. Já andam à procura sem o saberem.
É claro que também há os deuses: o dinheiro, a fama, o orgulho, o poder, só para citar os mais conhecidos.
Mas todo aquele que não deseja mal, que não faz mal, que respeita os outros, que os ajuda se e quando necessário, que está presente sempre que é preciso, que é capaz de partilhar o que é seu com outros (seja riqueza, conhecimento, sentimentos), esse é crente. Esse é um ou uma entusiasmada pela Vida, pelo Outro, pela Terra. E esta palavra quer dizer, etimologicamente, "ter o deus em si".
É claro que temos o outro lado da questão - o que diz: eu sou crente mas não vou à Missa. E por que não? É um sinal público de que se crê. Porque Jesus disse que Ele estaria onde estivessem dois ou mais reunidos em Seu nome. E quem estiver sozinho? Não se preocupe. Afinal, eu estou convencida (Deus me perdoe) que as igrejas se enchem de gente sem Fé, sem Esperança, sem Amor. Por hábito. Por vista. O que interessa é que façamos o que façamos, o façamos com convicção e Amor.
Deus, o meu Deus, que é o de toda a gente, não é uma Pessoa. É Amor. É Alegria. É Compaixão. Deus é uma Festa contínua, mesmo quando sofremos, porque conseguimos ver algum objectivo no nosso sofrimento.
Ele conhece-nos a todos, um por um. Ama-nos tanto que colocou entre nós o Seu Filho Deus, Jesus Cristo. O que fez Jesus de extraordinário? Milagres? Não, Jesus nem sequer gostava de fazer milagres. Ele pedia que não os contassem a ninguém. Jesus viveu em Verdade. Viveu e morreu como um Homem, com a única diferença de que achava que todos eram dignos de Amor. E que o Amor era para se mostrar, fazendo, agindo e não simplesmente rezando.
Portanto, meus Amigos que dizeis que não sois crentes, como agis de acordo com os principais mandamentos - de facto, só há um: amai -vos uns aos outros - sois crentes. O que, não tendo eu nada com isso, me faz feliz. Porque talvez eu me torne mais capaz de me encontrar um dia com todos os que amei num lugar de infinita Alegria e Paz. Desculpem a homilia.
PS. Sei que corro riscos, mas isso é um risco de quem tem Fé e a quer mostrar. E um dia destes, vou dizer-vos o que penso da deserção do encontro dominical...
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