domingo, 5 de outubro de 2008

Dia Mundial do Professor

Logo de manhã sentei-me à secretária, liguei o computador, abri a Internet e procurei, entre aspas, o que poderia haver sob a designação de "Ser Professor". Encontrei 247 000 sites em que aparecia a expressão. Fiquei a ler, a ler, até que chegou a hora de preparar o almoço. Porque os Professores contam, sim, mas também comem...
Depois, estive a ler os jornais e a ver o que se dizia sobre o assunto do dia. Um pouco incomodada. Porque as mágoas daqueles que aprecio e admiro me doem também. Bem, mas de tudo o que li, o que me encheu a alma foram estas palavras de Rubem Alves que fui roubar ao Terrear:
"Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma, continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais..."
Perdoem-me por continuar assim, crente na missão que escolhi para ser a minha vida e por ainda acreditar em Utopias na minha idade. Não quero falar hoje em avaliações, em ministros, em papéis, em carreiras, nada disso.
Quero lembrar a alegria e o entusiasmo com que começo sempre uma aula, seja ela do que for. Quero saborear a lembrança de ver o rosto de um aluno com menos aptidões para a nossa disciplina a iluminar-se quando entende, quando integra em si um novo conhecimento.
Quero pensar na Emilia Melhorado, que se lembrou de mim a semana passada e andou à procura do meu endereço, ela que está na sua terra em Vila Nova de Foz Coa, para me pedir um conselho.
Quero, hoje, mais do que nunca, orgulhar-me da certeza de que, como disse o João Bernardo, alguém pode não ter feito algo de errado porque se lembrou de mim.
Parece um auto-elogio, não é verdade? E elogio em boca própria é vitupério, diz o ditado. Mas quando digo isto faço-o com a certeza de que dezenas, centenas, milhares de Professores o podem fazer também.
Fui Professora durante mais de 40 anos e apenas duas vezes dois alunos foram um pouco indelicados, com uma diferença de 10 anos entre as duas actuações. Mal lhes recordo o nome. Mas vejo à minha frente todos os rostos, todas as relações que se estabeleceram entre nós, todas as delicadezas, o carinho, as pequenas coisas cúmplices que nos uniam.
E neste dia em que os Alunos que passaram pela nossa vida talvez nos recordem com saudade, quero prestar a minha homenagem aos Professores que mais me marcaram:
- D. Magda, na 4ª classe, pelos desafios que nos lançava;
- Dra. Elsa, de Francês, pela delicadeza, aliada ao conhecimento, com que nos educava, naqueles tempos difíceis e lugares longínquos;
- Dra. Amélia, de Matemática, por nos mostrar para que é que ela servia, aquela Matemática de que tantas tinham medo;
- Dra. Hermínia Roberts, de Português, (e Reitora) por me ter entusiasmado com os Lusíadas;
- Dr. Barata, a quem carinhosamente chamávamos o Dr. Baratinha, baixinho, de Filosofia, que nos ensinava a raciocinar e a pensar pela nossa cabeça.
Vejam, de entre a multiplicidade de Professores que tive, quantos me ficaram no coração e na alma! E enquanto eu viver, estes Professores continuarão vivos.

Pois se é verdade que
"Ensinar não tem que ser mesmo um sacerdócio
Mas é mister de tão grande valor
Que, depois do Amor e do Ócio,
Não há nada maior
(Nem melhor)
Do que ser Professor"...

Sei que às vezes é duro, é difícil, mas está na nossa mão emendar o erro, trazer à tona a Verdade e a Razão. E não se zanguem comigo: vinte vidas tivesse eu, e para a vontade que tenho de aprender e ensinar, não seriam bastantes!
Para todos os Colegas, os meus desejos e votos sinceros de que possam, em breve, sentir o que sinto. Felicidades.

9 comentários:

Luis Neves disse...

Para uma Professora Mª Carmo, que nunca deixou de ser Professora , e nos continua a ensinar muitas coisas importantes da vida, aqui no Blog das Piruetas,
Envio um ecard-mensagem que encontrei no Blog Umbigo.

http://educar.files.wordpress.com/2008/10/wtd08_ec_en4.jpg

Um beijinho, Luis

f@ disse...

Brilho das letras todas da palavra PROFESSOR...ENSIN'ARTE...
Gostei imenso da forma como nos transmites essa mensagem gigante.
Tb deixo de acreditar em Utopias... embora tb eu seja um pouco utópica pelo facto de andar nas nuvens...
beijinho gigante das nuvens

Existente Instante disse...

Pois caro Luís Neves, a Carmo merece o e-card o que não merecia é que dois ou três atrasados mentais, três "chorrilheiros ordinários","mulheres a dias do ensino" que se dizem Professores, tivessem insultado a Carmo no dito blogue já depois do Dia Mundial do Professor num post sobre o Matias Alves!
Há blogues que fedem!
Carmo, Continuo a lê-la na e para a minha serenidade docente! Bem Haja!

Avó Pirueta disse...

Amigos, obrigada pelo vosso carinho e paciência para lerem alguém que tão teimosamente quer mostrar como é bom ser Professor.
O meu entusiasmo é genuino e acho até pernicioso que alguém se diga professor e não goste de o ser. Os alunos sabem muito bem ver quem é Professor e quem faz o "frete". Em Julho, estivemos, em minha casa, a ver o filme "Professores", de que me farto de falar, três Colegas e eu. E vimos alguns especímenes que todos reconhecemos. E os Alunos também, pois nos meus últimos dias de aulas vimos o filme na Escola.
Existente Instante, meu Querido Existente, há que tempos não falava contigo! Sabes que nem fui procurar os tais que referes? Nem sequer quero saber o que escreveram. E o que têm escrito ao José Matias ou sobre ele é de uma baixeza que define estes ratos de esgoto.
A Avaliação não presta? Está mal feita? Foi mal preparada? Pode enfermar de tudo isso, mas o que eles realmente temem é ser avaliados. Aí é que está o problema, porque eles nunca aceitarão qualquer tipo de avaliação. Porque a maioria sabe que classificação os aguarda.
Amigos, lembremo-nos de que poucos Bons valem sempre muito mais que muitos Maus.
E eu cá continuarei a achar que é uma maravilha estar envolvido na aventura de ensinar e de aprender.
Um abraço do coração para os três da Avó Pirueta

Anónimo disse...

avó pirueta cagente quére deixare um abracinhe munte do curação.

Os Incansáveis disse...

Aqui no Brasil comemoramos o Dia do Professor em 15 de outubro. Infelizmente, o ensino e o professor, principalmente de ensinos fundamental e médio, estão muito desvalorizados. Meu marido é professor universitário e adora dar aulas!
Denise

Adriana Horta Fernandes disse...

Na teia virtual, nem sempre se sabe que atalho tomamos quando, atonitos, nos deparamos com lugares nunca vistos. Assim, em plena crise existencial, nao sei de onde vim, mas posso dizer que muito me encanta estar aqui agora, a conhecer as piruetas de uma avo capaz de malabarismos incriveis com as ideias e palavras. Obrigada por deixar a porta aberta para transeuntes dasavisados; me despeco com a sensacao de que estarei de volta em breve.
Um abraco!
P.S. As vezes me encontro em lugares onde os acentos graficos nao estao disponiveis...nada que uma professora sensivel nao possa visualizar!

JC disse...

É a primeira vez que venho ao seu blog mas pelo que me pude aperceber os seus textos traze-nos sempre um ensinamento que devemos reter.

Anónimo disse...

atão ó nhávó adonde anda? cagente tem muntas sodades né? um abracinhe cum xeirinhe a felores cá da serra