quinta-feira, 12 de junho de 2008

Vírgulas para a Teresa de Longe


Amigos, com a mesma singeleza destas florinhas, e para corresponder a um pedido da nossa Teresa de Longe, aqui mando as minhas "vírgulas". O texto é um pouco comprido, Fátima, mas não se pode ter tudo por 25 tostões(...) e achei que dividir em partes não ia ajudar nada. Espero que a Censura não ligue muito aos exemplos que arranjei... Cá vai, então, Gente Minha:
A vírgula indica uma breve pausa na leitura, com ligeira inflexão de voz, e muitas vezes o seu uso varia de autor para autor, com determinadas intenções estilísticas ou expressivas. No entanto, há regras fixas que devem ser observadas e é dessas que vamos tratar aqui. Devido à sua importância, vou começar pelos casos em que não se deve usar a vírgula…
Regra número 1: Nunca se emprega a vírgula para separar o sujeito do predicado, se eles estão juntos: A ministra da Educação deve dormir muito mal.
Regra número 2. Nunca se separa por vírgula o verbo dos seus complementos: Ele mandou um grande ramo de flores para a seduzir.
Regra número 3. O vocativo é sempre, sempre, seguido de vírgula: Menino Jesus, dá-me uma boneca.
Não brinque connosco, Senhora Ministra, porque isto não vai lá assim.
Avó Pirueta, tu és muito impertinente!
Regra número 4. Os apostos ou continuados registam-se sempre entre vírgulas:
Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, tinha cabelinho na venta.
A obra mais conhecida de Agostinho Neto, Sagrada Esperança, é hoje usada para designar muitas instituições diferentes.
Regra número 5. As frases começadas por gerúndio ou particípio passado independente separam-se da oração seguinte por vírgula: Humilhando os Professores, ninguém com cabeça esperaria a sua colaboração.
Começando a chover, o passeio não se realizou.
Dada a situação de desconforto actual, as coisas não podem correr bem.
Regra número 6. Separam-se por vírgulas todos os elementos de uma oração com idêntica natureza e valor funcional, não ligados por conjunção: A senhora provocou, insultou, humilhou, colocou os professores todos no mesmo saco.
Regra número 7. Colocam-se entre vírgulas as palavras ou frases intercaladas: Por mais que a avisassem, e fizeram-no muitas vezes, ela não mudou de atitude.
Ela, teimosa, quis apanhar moscas com vinagre.
Regra número 8. Os advérbios sim e não são seguidos de vírgula quando começam uma oração e se referem à anterior:
Sim, a situação está mais do que escaldante.
Não, a solução não é enterrar a cabeça na areia.
Regra número 9. Usa-se vírgula depois das adversativas: porém, todavia, contudo, apesar disso, no entanto, pelo contrário, por outro lado: Podia ter-nos conquistado; contudo, preferiu fazer de nós o bode expiatório.
Apesar disso, a esperança ainda não morreu em muitos de nós.
Regra número 10. Antes de conjunções como embora, mas, etc., segue-se a regra anterior:
Sentia que ainda faltava muito para fazer, embora trabalhasse há horas sem fim.
Não me vou dobrar a esta regra sem sentido, ainda que isso me custe caro.
Regra número 11. Separam-se também, na generalidade, por vírgulas, as palavras aliás, enfim, isto é, pois, talvez, e outros elementos semelhantes: Não acredito nela, aliás, duvido que alguém acredite. Enfim, há sempre ingénuos, isto é, pessoas que ainda acreditam que os bebés vêm no bico das cegonhas.
Regra número 12. A vírgula também serve para separar a designação de uma entidade ou de um lugar, quando se data um escrito: Évora, 25 de Abril de 1974
Regra número 13. Antes do relativo que emprega-se a vírgula quando aquele introduz uma oração identificativa ou restritiva, como lhe queiramos chamar, isto é , que serve para identificar alguma coisa ou alguém: Os professores da Escola António Nobre, que responderam não à cenoura, deram-nos um exemplo de dignidade.
Neste caso estamos a afirmar duas coisas:
a) Todos os professores da Escola António Nobre responderam “não” à cenoura.
b) Todos os professores da Escola António Nobre nos deram um exemplo de dignidade.
Comparemos com esta frase:
Os professores que não têm espinha dorsal estão sempre bem.
Quem é que está sempre bem? Os professores que não têm espinha dorsal. Não são os Professores todos…
Reparemos: se eu disser:
a) O meu Pai que adorava chocolates tinha o azar de ser diabético.
b) O meu Pai, que adorava chocolates, tinha o azar de ser diabético.
no primeiro caso, estou a “insultar” a minha Mãe: “tenho tantos pais que, para identificar o que adorava chocolates, tenho que dizer que esse era o triste que era diabético…”
No segundo exemplo não estou a identificar o meu Pai. Pai é só um…Estou a dizer duas coisas a respeito dele: que adorava chocolates e que era diabético.
Expliquei-me? Tive que adaptar os exemplos. Os que uso por aqui são mais "regionais"...

3 comentários:

ematejoca disse...

Querida Carmo:
Muito obrigada. Compreender, compreendi- vou imprimir estas regras e deixá-las em cima da minha secretária, no caso de dúvidas. Estao as vírgulas neste pequeno parágrafo correctas?

Que diferenca de horas há entre Lisboa e Luanda? Tenho curiosidade em saber. Aqui, sao agora 22:OO, uma hora mais tarde do que em Portugal.

Um beijinho de boa-noite.

Carlos Faria disse...

Bem, cheguei aqui via "diz que não gosta de música clássica", sabia que ia aprender mais sobre vírgulas, mas também sei que continuarei a ter falhas, porque quando releio um texto meu faço sempre alterações, comprovando que: ou há mais de uma alternativa ou há algumas que estavam mal.No blog infelizmente os erros serão mais frequentes, pois os textos são feitos directamente na página. Talvez venha cá aprender mais.

Avó Pirueta disse...

Olá, Geocrusoe, sabe quem não faz erros? Quem não faz nada!
A pontuação é uma das minhas manias. E é claro que estas regras as recolhi e organizei. Mesmo como Professora de Inglês, havia alunos que me pediam uma cópia, o que me dava um prazer enorme. Costumo adaptar os exemplos às situações. Por exemplo, aqui em Angola ou quando estou em Moçambique, os exemplos são outros. Afinal, "em Roma, sê Romano"... Um dia destes vou "atacar" os dois pontos e o ponto e vírgula. Veja divertir-se e se eu o ajudar, melhor. Um abraço da Avó Pirueta.

Teresa de Longe, tenho o prazer de te informar de que todas as vírgulas que usaste estão correctas. Pessoalmente, usaria também uma vírgula onde usaste dois pontos, a seguir ao meu nome, porque é o vocativo. Mas nas cartas comerciais usa-se indistintamente a vírgula e os dois pontos nesta situação.
Há seis meses no ano, entre fins de Março e fins de Setembro, em que a hora em Portugal e em Angola é a mesma. Portanto, nesse período, é mais tarde aí um hora. Entre Setembro e Março, Portugal tem uma hora a menos do que Angola, visto que aqui nunca se muda a hora.
Um beijo de bom dia para ti e para os teus. tens uma bela Família! Parabéns! Avó Pirueta