sexta-feira, 20 de junho de 2008

Adélia Prado, a Amiga que conheci hoje


Eu não conhecia Adélia Prado e alguém me fez encontrá-la. Ou antes, me fez ter vontade de a encontrar. Que bom! Fui à procura dela e encontrei uma Mulher que mostra na sua Poesia uma enorme alegria de ser Mulher, de estar viva, de ter um corpo. Estas são as primeiras impressões colhidas. Ainda tenho que me encontrar com ela muitas vezes. Creio que nos vamos dar bem. Partilho-a com gosto na descrição de uma cena conjugal tão normal e pacata e onde se pode encontrar uma cumplicidade natural e inocente entre Marido e Mulher. De que tenho saudades. Então, a palavra a Adélia Prado. Se quiserem saber onde a descobri vão ao terrear, a partir de um texto de Rubem Mendes e de um comentário de um meio-Anónimo de nos fazer crescer água na boca:
Casamento
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.

7 comentários:

Raul Martins disse...

É uma revelação. Obrigado pela partilha e pelo convite a ir ao terrear.
.
Como se pode falar de relação marido-mulher de uma forma tão simples mas tão bonita.
.
Que saibamos aprender e cultivar esta disponiblidade de "olhares" e "amores" em sintonia.
.
Carpe diem!

ematejoca disse...

Apesar de eu ser o tipo de mulher "Meu marido, se quiser pescar, pesque, mas que limpe os peixes", e que me deixe em paz!
Fui logo à procura da Adélia Prado.
Estive a ler poemas dela. E gostei.
Também estive até agora ocupada com uma escritora americana que fazia hoje anos, caso fosse viva.
Bem, ela é o oposto à Adélia, mas eu gosto de todos os tipos de pessoas.
Escrevi o texto em alemao, porque tem mais interesse para os meus amigos de cá, devido ao facto de ela ter sido muito amiga da Hannah Arendt. Mas tu, Carmo, sabes alemao.
Agradeco-te teres ido ao devaneio da batata. Ele acabaram de fazer exames, e espero que o blogue ande para a frente.
Um grande abraco de Düsseldorf.

Fátima André disse...

Que enamoramento tão lindo. Que todos os casais saibam fazer pela vida fora experiências tão belas. É uma espécie de maná que alimenta a relação, fortifica e torna-a mais encantadora e luminosa.

Batata disse...

Também eu não conhecia Adélia Prado!
A simplicidade da língua é fabulosa, ás vezes.

Obrigada Carmo*

Seja feliz! (mas aposto que nem preciso de lhe sugerir isso... )

beijinho :)

>>> Mariana Silva

renard disse...

Ouma:

Poesia novamente... Que inveja tenho daqueles que conseguem por música nas palavras!
Espero que esteja tudo bem por aí e que a Ouma se encontre completamente recuperada.

Beijos da Ouma es kind (novamente corrigida pela minha mãe...)

Anónimo disse...

ó avó piruta angradêço munte do coração e tô a ditáre ó meu besberto queu na sei lêre camodos ca tô munte contente cagente tamém fês o cazamento do mêmo ano 1963 queu parí a nha rica filha e apois é co meu besberto rezolveu casáre da igreija cagente vivía ajuntádos camodos ca nossa senhora da conceição na mia perdoáre né? quela é tão bondoza caté custuma fazêre todas vontádes...
coje o meu besberto foi ótra vêz um valênte e aguentôusse munte bém.
para si avó um raminho de felôres aqui da sérra e munta amizade

BC disse...

VOLTEI.
Apesar do dia ter sido atribulado.

Gostei do poema e a maneira como Adélia Prado, fala de coisas tão essenciais de uma forma tão simples.
Lindo, avó está tudo bem?
O PÉ, EM FRANCOS PROGRESSOS ESPERO
MUITOS BEIJINHOS