Pois é, tal como dizíamos antigamente, nos jogos e brincadeiras, quando apanhávamos os colegas a “fazer batota”, isto é o que me apetece dizer agora.
Vou usar um tom ligeiro, não para amenizar as questões, mas porque eu própria preciso de me amenizar. Esta quase imobilidade física tem dado cabo de mim e então dá-me para pensar. O que é perigoso, como sabem, pois além de tudo o mais que possa acontecer, até já morreu um burro no meio de tarefa tão importante.
Bem, eu estou sem acesso aos jornais, gentileza da Net (que me abandonou durante o fim de semana, como vem sendo hábito) e tenho eco dos exames apenas pelo que me chega via Caixinha de Afectos, isto é, maioritariamente o que se refere ao exame de Português do 12º ano. E chega! Chega para me pôr a ferver!
Como é que um grupo de sábios, que passa meses a dar à luz um teste, consegue complicá-lo de maneira a que os próprios correctores tenham dúvidas (nuns casos) ou concluam que há mais do que uma resposta possível?
Como é possível que depois de se ter definido que o TLEBS não entrava ainda neste “cânones”, afinal tenha aparecido, assim para dar um arzinho da sua graça e, certamente, para acalmar o ofendido amor-próprio de algum pai de tal monstrinho? (E já agora, já repararam em como é impróprio chamar “amor” ao “amor-próprio”?)
Se o programa da disciplina é tão vasto em autores, o que é que deu aos criadores para praticamente se dedicarem a Camões? Foram ordens superiores? Foi o sonho vão de que ao tratar tanto de Camões ele viesse dar algum alento às tropas, isto é, aos Portugueses?
No tempo em Nosso Senhor Jesus Cristo ainda andava pelo mundo eu aprendi regras para elaborar testes. E depois, muito mais tarde, assisti a aulas magníficas sobre o assunto com a Dra. Emília Amor. Senhores dos Exames, sabem disso? Olhem, como ando numa de voluntariado, voluntario-me para, em momento a determinar, me encontrar convosco e partilhar o que aprendi e usei quando elaborava testes. Graciosamente.
Também me cheirou a que os exames de Matemática do 9º ano eram “de caras”. Seriam, ainda, ordens superiores? Era preciso saber multiplicar? E os de Português?
Afinal, houve algum exame em que não houvesse nada a apontar? E este ano os exames continuaram a ser publicados nos jornais, com critérios, propostas de solução etc.?
Alguém que me responda, se possível tim-por-tintim, porque senão nem o pé tem vontade de se pôr de pé, que é, afinal, a obrigação dele…
terça-feira, 24 de junho de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
Querida Carmo, peço antecipadamente desculpas pelo testamento que se segue, mas este tema desperta-me particularmente a atenção...
Antes de mais, não tenho muits pormenores a acrescentar, porque apenas posso falar com conhecimento de causa dos meus próprios exames. Mas é para mim certo e sabido que a Ministra da Educação já se deveria ter dedicado ao tricô, ao invés de fazer pm pam pum com os destinos de professores e estudantes.
O exame de Português de 12º ano era uma desgraça. Não porque fosse dificil (pois Camões é um autor conhecido e lido muitas muitas muitas vezes...) mas sim devido à ambiguidade e confusão das perguntas: respondíamos ao que pensavamos certo, para virmos a descobrir que os exames não pretendem avaliar conhecimentos, mas sim permitirem que os senhores dos exames se gabem do seu grau de exigência - ao verfificar que grande maioria não respondeu 'ao que era pedido'.
Matéria mesmo só saiu 'Os Lusíadas', seguido de um texto informativo e crítico do 'Memorial do Convento' cujas perguntas eram de escolha múltipla. O exercício de gramática (onde terá aparecido a Tlebs da qual não me apercebi, porque não a aprendi, devido a tantas directivas indecisas) era também ele do estilo escolha múltipla, com alíneas para corresponder entre si. A composição era sobre os direitos humanos!
Resultado: se fizermos pim pam pum como a nossa querida ministra temos tanta probabilidade de ter nota para passar como aqueles que estudaram...
Tem os exames e a respectiva correcção no site do GAVE, pois vão sendo lá colocados à medida que os exames são realizados.
http://www.gave.min-edu.pt/
Ai Carmo... nem quero imaginar para quanto vou descer a minha nota de três anos :(
Viva os senhores dos exames!
>>> Mariana Silva
Mariana, o que tu me dizes causa-me uma indignação sem limites! Os exames são necessários, na minha opinião, baseada em vários argumentos que não vou agora aqui discutir. Mas exames são para aferir, para verificar, não são ratoeiras nem bambúrrios da sorte. Perguntei-me muitas vezes se os fazedores de exames dão aulas e se os alunos deles têm resultados comuns. Sempre me incomodei com colegas que faziam testes usando uma linguagem e estruturas frásicas que não tinham nada a ver com a sua linguagem de todos os dias. Os exames não podem ser ambíguos, por Toutatis! Quando a gente quiser jogar vai ao casino, não faz exames. Olha, há dias escrevi umas 30 perguntas à ministra, no blogue, e só tive um comentário. Não é que ande atrás de comentários mas, sinceramente, creio que lhe fiz perguntas necessárias e pertinentes.
Esta senhora parece ter tido uma infância e adoleslência difíceis. E depois? Eu também, e sou alegre, e acredito nas pessoas, e confio nos jovens e para mim todos são inocentes até prova em juízo. Mas esta senhora não gosta dos professores. Como se pode pôr alguém à frente de um ministério onde a grande massa é objecto da sua desconfiança? Eu regresso a Portugal no dia 9 (vocês são os primeiros a saber) mas até estou a perder a vontade de ir. Vou irritar-me à grande. Esta senhora saberá quanto vale um ANO na vida de um estudante que reprova não porque não tivesse trabalhado mas porque está dependente de uns criadores de enigmas? Desculpem, ainda não desabafei tudo, mas estou mais aliviada.
Beijinhos e força! Talvez a senhora mande polvilhar os exames com canela, e os transforme em farturas, ou os transforme por artes mágicas, com "pòses" de perlimpimpim... Avó Pirueta
Temos que fazer uma avaliação muito séria dos exames. Eles não podem ser feitos ao sabor dos ventos e dos interesses políticos (tapar o céu com uma peneira!).Não podemos brincar "aos exames" tornando-os ambíguos como refere a Mariana porque é o seu futuro e dos outros jovens que está em jogo, nem tornar os exames uma "fachada" e motivo de gozo pela sua facilidade (neste caso os do 9º ano e os de aferição - sobretudo estes - do 4º e 6º anos) Carmo, penso que neste momento não tenho segurança total para falar "tim-tim-por timtim" sobre eles. Oportunamente falaremos melhor. Diz-se muita coisa.
.
Fico feliz pelo seu refresso a 9 de Julho.
Carpe diem!
Regresse com espirito de mudança, a ver se adianta alguma coisa! :)
Nós por cá vamo-nos aguentando, mas sempre indignados. De entre as centenas de estupidezes (realizadas por senhores e senhoras QUE NUNCA DEVEM TER DADO UMA AULA NA VIDA) os exames são provavelmente as que têm consequências mais graves. Não falo por mim, que sinceramente ainda que tenha má nota isso não afectará o meu futuro, mas afectará com certeza o de muitos colegas meus - que se fartaram de estudar e que têm notas razoáveis no seu dia-a-dia.
Enfim é o país que temos.. Esperemos que não seja o país que teremos!
Beijinhos*
>>>Mariana Silva
Sr.ª. Maria do Carmo, permita-me que aqui no seu espaço escreva o seguinte:
Sempre acreditei que exames seriam a confirmação do saber ou do não ter aprendido o que nos era ensinado nas aulas.
Pelo menos há vinte e um anos que foi quando sai da escola era assim.
Agora, se exames é um atestado de estatísticas para se dizer que foi neste Governo que se obtiveram melhores resultados...................
Bem haja e comprimentos.
Enviar um comentário