quarta-feira, 2 de julho de 2008

Saudades de chegar e de partir

Perto de partir
partida em pedaços
como sempre
querendo ficar e ir
recusando os abraços
porque fazem doer o coração.
Perto de chegar,
com alma a contar cada segundo
com um sorriso a imaginar
a chegada a esse meu outro mundo.
Partida de Afectos,
carrregada de carinhos
a pensar nos meus maravilhosos netos
e nestes que aqui deixo em seus caminhos.
Cada dia é um dia a menos e um a mais
assim divido a alma, o coração e a vontade
de sempre partir sem chegar jamais
por um milagre que me dê ubiquidade.
Mas só o nosso S. António, que eu saiba
foi capaz tal façanha sem igual
portanto na outra quarta-feira
contem aí comigo em Portugal.

(E mato alguém que se atreva a chamar Poesia a este brincar com as palavras!)

12 comentários:

Licas disse...

Sei que partir e chegar são duas faces de uma mesma realidade. Ambas carregam cargas positivas e negativas, como alíás, tudo o que compõe este nosso universo.
O seu coração é grande, forte, até elástico. Ele ajustar-se-á através dos oceanos e congregará no mesmo afecto os dois mundos.
Quem sabe se neste nosso pequenino rectângulo, não a espera uma grande obra e o carinho de muitos, até de ... mim.
Se me quiser dar o prazer de a conhecer, tomarei consigo um cházinho com bolinhos da Lai.
Até lá...
Aguente-se nas despedidas!
Deixe que os seus olhos chorem e riam e faça boa viagem.
Um abraço
Licas

Fátima André disse...

Minha querida Carmo, estamos à sua espera, mas com a graça de Deus nunca sentimos saudades suas. Ele deu a sabedoria e inteligência ao homem para criar estas maravilhas da aldeia global.
Que bom sentir o seu abraço em discurso directo, o mesmo é dizer, em tempo real.
Sei que vai deixar saudades nessas gentes. Mas são saudades boas. Pense agora só nas coisas boas.
"Deus sempre faz tudo pelo melhor".

Também estou triste. Deus levou para junto dele o filho da nossa colega Idalina. Um jovem de 30 anos. Rezemos por ela para que o Senhor do alento derrame sobre ela a força do Espírito Santo.

O meu abracinho para si.

Raul Martins disse...

E lembrei-me da raposa e do principezinho, simplesmente.

E também do faroleiro, que, como diz o Principezinho... "a sua ocupação é útil, porque é linda!" Mãe-avó faroleira! Mais um título.

Lembranças, simplesmente! Lembranças do meu coração quando leio e escuto (engraçado! também escuto, porque não? ) esta mulher de um coração imenso.
E regressa... para retemperares as forças... para novamente tornares a partir. Mas que raio de mulher... sempre entre o chegar e o partir! É a sua ocupação. E é linda. Se é!
.
Um beijo-sorriso-imenso de um admirador.
.
Carpe diem!

ematejoca disse...

Querida Carmo:
Obrigada pelo teu convite. Por agora nao posso dizer nada, pois estou dependente da família.
Ontem o ccz. mudou a frase de "a escola sao asas" em "a escola dá asas", que tem mais lógica.
Eu permito-me a mudar a frase toda.

A família é uma gaiola.
A família tira-me as asas.

Bem nao é despedida, é talvez um encontro.

As Rosas Brancas de Santa Teresinha do Menino Jesus no meu blogue sao para ti.

Luis Neves disse...

È claro que isto não é Poesia, toda a gente vê logo que não é.
Nem era preciso a Carmo estar a ameaçar que nos matava.
Aqui vai uma verdadeira poetisa

Em todos os jardins

Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.

Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.

Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como num beijo.

Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens

Sophia de Mello Breyner Andresen
Um beijinho para a Mª Carmo a avó pirueta
tirei do blog A Ver o Mar...
http://sophiamar.blogspot.com

Anabela Magalhães disse...

Pois eu discordo do comentário anterior...
Pronto, sou uma mulher morta!! Kakakakaka
Boa saída. Boa entrada. Desejo-te ambas as coisas, Carmo, que tu bem mereces.
Beijos grandes.

JMA disse...

Bem-vinda, onde quer que sejas.

ematejoca disse...

Reposta ao Luís Neves:

"todo conhecimento
da intimidade das coisas
é imediatamente um poema"
Gaston Bachelard

Querida Carmo, para ti vai um abraco solar e a esperanca, que nos encontremos em Portugal.

Carlos Faria disse...

não vou chamar poesia ao brincar com as palavras... mas conhece algum poema que não brinca com as palavras?
Compreendo perfeitamente o que é ter saudades quando se tem duas terras, apetece sempre estar ali, quando se está aqui e sem brincar com as palavras, deveria mesmo ser possível estar cá e lá simultaneamente... feliz regresso e se calhar aí dirão "até à próxima". carlos faria

Luis Neves disse...

ematejoca;
Estava só a tentar ter graça. se calhar não tive, acontece.
É claro que concordo consigo, e um pouco com a frase do Bachelard.
Tenho gostado de tudo o que tenho lido da avó Pirueta. Seja Contos, Crónicas, Entrevistas, Versos, Textos Jornalisticos, Textos Poéticos. Tudo o que tenho lido aqui no Blog.
Mas a Carmo não gosta que chamemos ao que escreve que são Poemas, e eu não a contrario. Posso dizer que são "Bloguemas" ou "Poemogs"

Avó Pirueta disse...

Licas, não consigo entrar no seu blogue. Mudou de nome? Diga alguma coisa! Beijinho, Avó Pirueta

Avó Pirueta disse...

Luís, meu Querido, é só porque eu tenho muito respeito pela Poesia e pela Literatura. Mais nada. De resto, eu gosto mesmo é de brincar e de pintar com palavras. Palavras! Repara, uma palavra dita o que é? Não tem nada senão o som? Não, se ela for ouvida tem tanta, tanta informação para além dela! É a voz, a entoação, o tom, a altura, a expressão do rosto, a expressão corporal total. A escrita, para dar parte dessas "informações" precisa de muita "pintura". E gosto de o fazer. Sabes que escrevo mais do que falo? Talvez porque saiba que palavra lançada é como pedra atirada: não pode ser recolhida!
E tiveste graça, sim, senhor, eu gostei! Um beijinho da Avó Pirueta