Jem, o filho mais velho do Dr. Atticus Finch está a entrar na adolescência e tem uma certa "vergonha" do Pai porque, tendo casado tarde, não partilha com o filho muitas brincadeiras: cansa-se a jogar a bola, não pode subir a árvores, etc. Numa tarde de Verão aparece na rua um cão com raiva e, com grande espanto de Jem e de Scout, a filha, todos imediatamente se lembram de ir ao seu consultório buscá-lo, porque sabem que ele é o único capaz de matar o animal, misericordiosamente, com um só tiro. Então Jem pensa que afinal o Pai é um homem de coragem por possuir essa capacidade. Vou transcrever o diálogo entre Pai e filho sobre o que é a Coragem. A conversa decorre depois de ele ter sido chamado a casa de Mrs Dubose, uma senhora à antiga que sofria tantas dores que era obrigada a tomar morfina, receitada pelo médico, e que acabara de morrer. Mas quis morrer livre dessa prisão e sofreu horrores quando deixou, por sua livre vontade, de a tomar. Nesses momentos de sofrimento pela falta da droga - creio que se chama síndrome de abstinência - Jem, de castigo (não vou contar a história toda aqui...) lia-lhe um livro. Entretanto, mais uma vez os meus olhos se iluminaram ao ver aquele que sempre considerei o meu Actor preferido...
- Ela morreu, filho. Faleceu há alguns minutos.
- Oh, -murmurou Jem - Bem...
- Bem, exactamente - comcordou Atticus. - Já deixou de sofrer. Esteve doente durante muito tempo. Filho, não sabes o que eram aqueles ataques? - Jem abanou a cabeça - Mrs Dubose era viciada em morfina. Tomava-a como analgésico. O médico dela é que lha receitara. Ela teria de viver o resto da vida dependente da droga e morreria sem muitas dores, mas era demasiado caprichosa... Mrs Dubose disse-me que queria libertar-se do vício antes de morrer e foi isso que fez.
- Queres dizer que os ataques dela eram por causa disso? perguntou Jem.
-Sim, eram por causa disso. Durante a maior parte do tempo em que lias duvido que ela ouvisse uma palavra do que dizias. A sua mente e o seu corpo estavam concentrados naquele despertador.
- Ela morreu livre? perguntou Jem.
- Como o ar da montanha - respondeu Atticus. - Esteve consciente até ao fim, quase. (...) Filho, disse-te que se não tivesses perdido a cabeça, eu ter-te-ia obrigado a ires ler-lhe. Queria que descobrisses nela uma coisa... queria que visses o que é a verdadeira coragem, em vez de ficares com a ideia de que a coragem é um homem com uma arma na mão. Coragem é quando sabes que foste vencido ainda antes de começares, mas começas apesar disso e acabas o que tens a fazer., independentemente do que possa acontecer. É raro ganhar-se mas às vezes acontece. Mrs. Dubose ganhou, com os seus quarenta e quatro quilos. Segundo as suas noções, ela morreu sem dever nada a ninguém. Foi a pessoa mais corajosa que conheci.
-Sim, eram por causa disso. Durante a maior parte do tempo em que lias duvido que ela ouvisse uma palavra do que dizias. A sua mente e o seu corpo estavam concentrados naquele despertador.
- Ela morreu livre? perguntou Jem.
- Como o ar da montanha - respondeu Atticus. - Esteve consciente até ao fim, quase. (...) Filho, disse-te que se não tivesses perdido a cabeça, eu ter-te-ia obrigado a ires ler-lhe. Queria que descobrisses nela uma coisa... queria que visses o que é a verdadeira coragem, em vez de ficares com a ideia de que a coragem é um homem com uma arma na mão. Coragem é quando sabes que foste vencido ainda antes de começares, mas começas apesar disso e acabas o que tens a fazer., independentemente do que possa acontecer. É raro ganhar-se mas às vezes acontece. Mrs. Dubose ganhou, com os seus quarenta e quatro quilos. Segundo as suas noções, ela morreu sem dever nada a ninguém. Foi a pessoa mais corajosa que conheci.
5 comentários:
todos os filmes que trazem mortes de animais passo longe. demorei muito para ver amores perros pq sabia que tinha maldade com animais, só na ficção e eu precisei criar coragem. beijos, pedrita
Assiti já 2 vezes a esse filme e li o livro no original (To kill a mockingbird). Também gosto muito de Gregory Peck (que voz!!!). Da 2a vez, vi em DVD e havia, como extra, entrevistas com os atores infantis já adultos. Muito legal.
Acho que essa distância entre gerações (pais e filhos, avós) é muito comum. Só depois que eles se vão, e que nós estamos adultos, é que nos damos conta de que queríamos saber e perguntar tantas coisas! Talvez seja porque as sociedades modernas perderam a tradição oral e os encontros e reuniões familiares para contar histórias já são raros.
Retive, e logo que possa contar-lhe-ei umas traquinices!
:_)
Entao, Carmo, também gostas de homens bonitos, como eu? O Gregory Peck nao era só bonito, era um bom actor, mas neste filme ele é excelente. É um filme que se pode ver, mesmo depois de se ter lido o livro. O que acontece poucas vezes.
Carmo, afinal, nao tenho pneumonia nenhuma. È uma gripe de Verao muito forte. O médico quer que eu descanse muito. Mas posso escrever da cama.
Nao te assustes com o poema de hoje, nem com a imagem, mas estou aborrecida por ainda nao estar bem.
Um grande abraco para ti!
Bom filme e grande actor, dos meus preferidos da época sem dúvida se não mesmo o preferido.
Beijinhos
Isabel
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