quinta-feira, 24 de julho de 2008

Ofertas e Ofertórios

Esta fotografia foi tirada na Igreja de Marracuene, em Moçambique, num domingo de Maio de 2006, porque estou com um casaco, o que significa que está frio. E como "em Roma, sê Romano", também não dispensei a capulana à volta da cintura, roxa como convinha a uma viúva. Lembrei-me de a ir buscar para ilustrar um pequeno texto que irei "roubar" a Harper Lee, na sua única obra escrita "Não matem a cotovia".
Mas primeiro deixem-me explicar de que trata a foto: é o Ofertório em espécie. Embora haja um Ofertório em que quem pode oferece uma moeda (e parece que não há absolutamente ninguém que não dê), há depois o ofertório em espécie, em que os fiéis dão do que têm para o sustento dos seus párocos. Em Marracuene eram, há dois anos, dois Padres italianos, ainda jovens. Agora o mais jovem já voltou para Itália por motivos de saúde.
Como se vê, cada pessoa leva do que tem: banana, coco, abacaxi, batata doce, abóbora, quiabos, um peixe seco ou fresco (nunca vi mais do que um por Missa), massarocas e, nos dias grandes (Páscoa, Natal e no dia da festa da Igreja) uma galinha.
Os padres terão que se governar com o que recebem, as moedas valem muito pouco e sobrevivem porque a sua Congregação os ajuda. Mas vivem com muita frugalidade, iso posso garantir.
Ora, se repararem bem, ali vou eu na procissão e levo um tabuleiro coberto com um pano branco. O que levo? Um bolo de cenoura que os padres adoravam. Coitadinhos (as Irmãs da minha Congregação tinham a mania de dizer que eu pensava que eles eram meus filhos), com uma vida tão espartana, pelo menos ao domingo tinham um miminho.
A descrição prolongou-se - a Missa também, porque nunca demorava menos de 3 horas, bem mexidas, com cantos e danças - e o texto do livro fica para outra vez. Era também a descrição do ofertório numa Missa numa igreja de negros em Atlanta, onde o pastor mandou fechar a porta para ninguém sair até a colecta dar 10 dólares, quantia que ele achava o mínimo para ajudar uma família em apuros. A descrição é feita a partir dos olhos e da inocência de uma garota de 6 anos e é uma delícia.

14 comentários:

renard disse...

Dearest Ouma:

Thank you for your kind words. As for being "linda", opinions diverge. I don't think I am, but hey, to each his/her own. Thank you.
How come you don't like wax figures? Can you explain it to me? I got curious...

Lots of love from Ouma se Kind

Pedrita disse...

antigamente em cidades que ficavam mais na roça e cidades minúsculas muitos pagavam médicos em especie, com galinhas, ovos, verduras. minha mãe frequenta uma igreja pequena, inclusive um dos padres é haitiano, e eles ajudam muito com o que podem, inclusive com barracas com doces e salgados aos domingos pra a renda ser revertida para a manutenção da pequena capela. acho bem mais confortável dessa forma do que igrejas enormes onde não sabemos ao certo no que ajudamos. beijos, pedrita

CLAP!CLAP!CLAP! disse...

Irei usar apenas uma cor no meu post-it só para iniciados e que ilustre tb um pequeno acontecimento revelado pela Anabela.
:-)

Anabela Magalhães disse...

Aguardo a escrita da Carmo e o que sair do Clap...

Raul Martins disse...

E Carmo e o cheirinho dos bolos? E eles que levavam os bolos ao nariz e hum!!! Não contaste essa parte!
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Há quatro/cinco anos fizemos uma "missa dos cinco continentes" com os nossos alunos e ficou muito gira. Procuramos, na medida do possivel, ilustrar a realidade dos continentes. No ofertório os meninos que representavam África iam a dançar levando as ofertas. Ficou soberbo.
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O ano passado, em Fátima, pelos Claretianos, fomos em peregrinação a Fátima. O ofertório foi organizado por um grupo de São Tomé e Principe que também dançaram no ofertório. Com os seus cânticos alegres e danças, foi comovente. Outras culturas que nestes aspectos nos têm muito que ensinar.
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E fico à espera do texto de Harper Lee que não conheço.
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E Pedrita, interessante a tua partilha. Eu também prefiro as comunidades pequenas, têm também os seus incovenientes, mas a partilha, se sincera, mais bela e com mais frutos.

BC disse...

Esses ofertórios são muito engraçados e diferentes, eu cheguei quando era pequenina a assistir a isso no Alentejo, nas pequenas aldeias.
Da mesma forma se ofereciam os presentes aos professores nessa altura, e ao farmacéutico e ao médico que eram as pessoas mais importantes da terra, as oferendas eram entregues em géneros.
Cada um dava o que podia e ficavam muito ofendidos se não se aceitassem os respectivos géneros alimenticios.
Ainda me lembra da minha tia chegar nas férias, com galinhas (vivas claro)muitos ovos, bolos e por aí....
Beijinhos
Isabel

BC disse...

E agora li o comentário da Pedrita, que deduzo seja brasileira, e como não tinha reparado pelo que vejo falámos de algumas coisas comuns, pois era mesmo assim.
Desculpe PEDRITA PARECE QUE FIZ UMA CÓPIA DE ALGUMAS FRASES, MAS NÃO COSTUMO LER SEMPRE OS OUTROS COMENTÁRIOS, PARTO LOGO PARA A ESCRITA, E NEM SEMPRE LEIO!!!

ematejoca disse...

Querida Carmo:
Estou a escrever da cama. Mas como hoje o Barack Obama está em Berlim, quis dar notícia no meu blogue. Aqui é uma loucura!
Há suspeita que eu tenha uma pneumonia. Amanha, sei o resultado dos exames que fiz.
Um grande abraco, e amanha volto outra vez.

Filipe Camarinha disse...

Avó,
obrigado pelo convite. Segunda-feira lá estarei...

Fátima André disse...

Bem... eu vou hoje de férias lol
por isso as minhas visitas aos blogs amigos vão mesmo passar a ser só de quando em vez... mas levo-vos no coração.
Deixo-vos com uma vasta lista de livros no meu blog... se algum vos interessar é só fazer download :)
Se puder, postarei alguma coisa em férias, caso contrário regressarei em força assim que terminem.
Abraços tribais :)

Luis Neves disse...

E quando é que a Carmo põe aqui a receita do bolo de cenoura, para os leitores experimentarem , e poderem dizer que é mesmo delicioso.
Assim ficamos só com a publicidade, e com uma invejazinha dos seus filhos italianos os missionários gulosos.
bjo Luis

Carlos Faria disse...

Missas de 3 horas com participação de pessoas significa que quem lá está não foi por hábito sem fé ou que a cerimónia tem muito para dizer às pessoas. Por cá não sei o que falta, se fé ou a mensagem, mas é diferente... quanto ofertórios e a confirmar esta dúvida, vivo numa paróquia sem igreja (destruida em julho de 1998 por um sismo) e acredito que assim viverei daqui em diante, só não sei novamente, se por falta de fé ou por esta ser desnecessária à comunidade...

Avó Pirueta disse...

Amanhã, sábado, darei as receitas e comentarei o teu comentário, Carlos. No poste.
Abraço da Avó Pirueta

ematejoca disse...

Apetecia-me tanto o bolo de cenoura. Adoro cenouras e bolos de cenoura também. Poe aqui a receita, por favor!

Beijinhos******