Hoje, deu-me para isto. Não deve ter sido por acaso, porque não acredito em acasos. E se houver algum problema, a responsabilidade é minha porque o texto é uma tradução que fiz do conto ou fábula ou seja lá o que for que saíu numa edição do Reader em Inglês.
O velho pároco, sentindo-se a morrer, compôs as roupas à volta do peito e começou a pensar, mais uma vez, com uma certa preocupação, no Céu e no Inferno. Como seriam? Ele tinha passado uma grande parte dos seus 84 anos a falar Paraíso, Inferno, modos de verdo assunto, mas agora o problema parecia-lhe cada vez mais urgente e cada vez lhe parecia saber menos.
Na penumbra do quarto, viu aproximar-se dois vultos. Conheceu-os logo: Moisés, alto, musculoso, e Pedro, o Pescador. Fizeram-lhe um sinal de cabeça e ele levantou-se imediatamente e seguiu-os, passando, sem se espantar, através da parede do quarto.
Em silêncio, conduziram-no através das galáxias. Num local longínquo, pararam em frente a uma grande casa e Pedro explicou: “ O reino de Deus é composto de várias mansões. E o mesmo acontece com o Inferno. Vamos mostrar-te a primeira sala do palácio de Satanás.”
À medida que ia entrando, o velho padre começou a ouvir uma babel de lamentos e gritos. Depois, na sala, reparou que estavam muitas pessoas sentadas a uma grande mesa, e, ao centro, uma enorme travessa do prato preferido do padre. Embora todos os presentes tivessem um enorme garfo que podia chegar à comida, eles gritavam de fome e gemiam por ver a comida tão perto sem a poderem comer. De facto, os garfos que estavam presos às suas mãos eram de um tal tamanho que eles não os conseguiam virar em direcção à boca para aí introduzir o alimento e gemiam dolorosamente. Os seus lamentos eram de tal ordem que o padre pediu que o levassem dali para fora.
Pedro e Moisés levaram-no então para outro lugar longínquo e pararam em frente a uma casa em tudo parecida com a anterior. Convidaram-no a entrar para a ante-sala do Paraíso e ele viu uma mesa igual, com a mesma riqueza de comida e com os convivas sentados, de um lado e do outro, com os mesmos grandes garfos presos às suas mãos. No entanto, ninguém se queixava. Todos tinham um ar satisfeito e saciado. Porque cada um deles utilizava o seu garfo para alimentar o convidado que estava em frente…
Jim Bishop, King Features, in Readers Digest
quarta-feira, 25 de junho de 2008
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1 comentário:
Não foi Sartre que disse que o inferno era ausência dos outros?
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Ninguém se pode realizar sozinho. Dependemos uns dos outros para encontrarmos a felicidade, para encontrarmos o caminho a percorrer, para nos apoiarmos.
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E o Céu é isso: Quando as pessoas aceitam ser dom umas para as outras, acontece a comunhão, a dinâmica que conduz à plenitude do amor. O Céu é o sermos dom uns para os outros.
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Carpe diem!
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