sexta-feira, 6 de junho de 2008

Intermezzo para o Cumpadre Besberto e sua Senhora, minha Cumadre Maria

Queridos Cumpadres, a receita dos coscorões é mesmo uma deliça, e como me ensinaram que coscorões com sonhos se pagam, cá vai disto:
Natal doce

Com abóbora, açúcar e Amor...
Faça sonhos ou doce de barrar.
Se não sabe, leia por favor,
Pois tenho muito gosto em lhe ensinar.

Para os sonhos, coza em pouca água
A abóbora em pedaços bem cortada
Deixe depois, sem pressas e sem mágoa,
numa peneira, a escorrer sem fazer nada.

Depois, com as mãos para juntar o seu Amor.
Amasse bem e junte algum fermento,
Farinha pouca, e bata, por favor,
Juntando uns ovos com muito sentimento.

Pode juntar, se a massa aguentar
Um pouco de aguardente de boa qualidade
Por fim algum açúcar, e comece a fritar,
Em frigideira funda, com óleo à vontade.

Disponha-os num prato bem bonito
Polvilhe com açúcar e canela
Depois, para todos sentirem o Natal,
deixe sair o aroma pela janela

Mas se preferir o doce de barrar
Aqui vai a receita sem segredo,
É fácil, pode experimentar
É sempre bom, escusa de ter medo.

Corta-se a abóbora em pedacinhos
Como se fossem batatas às rodelas
Junte duas laranjas cortadas bem fininhas
Sem casca nenhuma à volta delas.

Pese um quilo e ponha na panela
Depois junte açúcar em quantidade igual
Um cheirinho de água, pauzinho de canela,
E leve ao lume com paciência de Natal.

Vá olhando e mexendo com cuidado
Enquanto outras coisas vai fazendo
Quando estiver pronto, e depois de esfriado
Encha frasquinhos para ir comendo.

2 comentários:

Raul Martins disse...

São os coscorões do cumpadre Besberto, são os doces da Teresa do Tâmega, agora os sonhos da AvÓ pirueta... Tenham dó de mim que sou muito guloso...
.
E Carmo, de tudo faz poesia!
.
Carpe diem!

Avó Pirueta disse...

Raul do Sorriso Imenso, se isto é poesia, então eu vou ali e venho já! E por causa disso, vê esta anedota que passei para rima:
UMA ANEDOTA EM VERSO (QUE ISTO NÃO É POESIA, É RIMA APENAS)

Uma senhora, na casa dos quarenta
Falando ao telemóvel na maior
Enquanto conduzia a sessenta
Capotou e ia indo desta pra melhor

Quando chegou aos pés do Criador
Suplicou: "Meu Deus, chegou a hora?
Tenho ainda tanta coisa pra fazer!"
E o Pai de todos nós mandou-a embora.

E ate lhe disse: " Filha, tu vais ainda viver
Mais 30 anos, 3 meses e 3 dias
Por isso, vê lá o que vais fazer,
E não te ponhas a fazer avarias".

Quando acordou, na cama do hospital,
Fresca como uma alface, sem um corte,
Resolveu tratar do corpo, pois afinal
A alma tinha tempo para esperar a Morte.

Foi ao cabeleireiro, à massagista,
Matriculou-se num curso de ginástica,
Fez lipo-aspiração, foi ao dentista
E terminou com uma operação plástica.

Parecia outra, mais nova 20 anos
E foi para casa toda sorridente,
Mas como esta vida é mesmo um vale de enganos
Morreu atropelada num acidente.

Quando chegou ao Céu, reclamou:
"Senhor, então como pôde acontecer?
Sabeis quanto tudo isto me custou,
Para agora, sem contar, assim morrer?"

E Deus olhou para ela, admirado,
E sendo Deus, a duvidar de Si,
Mas respondeu-lhe, c'um ar inda espantado:
"Ah! És tu? Palavra de honra, não te reconheci!"