sexta-feira, 2 de maio de 2008

O Fim em vista

O FIM EM VISTA
O fim em vista ao apresentar este texto com que Charles Handy termina “O Espírito Faminto” aparece-me um bocado nebuloso… Mas apetece-me tanto que até me vou dar ao “trabalho” de o digitalizar para o partilhar convosco. O título é “O Melhor Quadro do Mundo”:
“Não hesito em nomear o que, na minha opinião, é o melhor quadro do mundo. Trata-se de Resurrection, de Piero della Francesca. Ainda se encontra no local onde há 500 anos foi pintado – a parede da Câmara Municipal de Borgo San Sepolcro, uma pequena cidade da Umbria. O quadro é grande, ocupa a parede toda. Retrata a Ressurreição de Cristo do túmulo, enquanto os soldados que deveriam estar a guardá-Lo dormem, encostados à parede do túmulo. A figura de Cristo é nobre, imponente. São os olhos que chamam primeiro a atenção, penetrantes, arrojados, determinados, difícil de se lhes fugir. É a cara de um homem que vê a vida no seu todo e sabe qual o lugar que nela ocupa. Fico durante muito tempo a observar o quadro, como que enfeitiçado. Saio de lá sempre perturbado e, contudo, revigorado.
Cada um interpreta à sua maneira as grandes obras de arte. Para mim, o Resurrection tem um significado metafórico e não o convencional significado religioso. “Estou livre, diz a mensagem, para romper com o meu passado e para me recriar. Se o fizer, serei mais forte e mais seguro. Mesmo que a minha vida, até agora, tenha sido um fracasso, na opinião de muitas pessoas, tal como a vida do Homem retratado naquele quadro, o melhor ainda está para vir. Não tenho que estar encostado a dormir, como os soldados, aguardando as minhas ordens. Talvez não veja os resultados do meu empenho, mas lutarei para que outras pessoas possam tirar partido deles, nem que seja depois da minha morte.”
É este o tipo de eternidade que conheço. (…) O melhor estará sempre para vir se nos ressuscitarmos do passado. É essa esperança que me dá forças, a esperança e a certeza de que somos totalmente nós quando nos perdemos na preocupação que temos pelos outros ou numa causa maior do que nós. (…) Devemos acreditar que somos bons, e se, por vezes, tal não for digno dessa confiança, na maior parte das vezes sê-lo-á, porque existe em todos nós algo que grita por um mundo melhor e mais justo. Qual o lugar ideal para começar senão o lugar onde estamos?
Louis MacNeice, no seu poema Autumn Journal, revela o que nós queremos:
Se for algo viável, alcançável,
Vamos desejá-lo agora
E rezar por uma Terra possível…
Onde os altares do verdadeiro poder
E do verdadeiro lucro
Caíram em desuso,
Onde ninguém vê a importância
De comprar dinheiro e sangue
Ao preço do sangue e do dinheiro,
Onde o indivíduo, desprovido de arrogância
Trabalha com os outros… “
Pois é, o nebuloso fim em vista era apresentar o Poema. E o livro tem a ver com Gestão. Mas eu não sei de quem mereça mais a designação de “gestor de Recursos Humanos” do que nós, Professores.





2 comentários:

Anabela Magalhães disse...

Concordo plenamente, Carmo.

Passiflora Maré disse...

Eu não sou Professora.
Mas fui aluna, mais de vinte anos.
Sei, por isso, que um bom professor deixa lágrimas nos olhos dos alunos qundo se vai. Ainda hoje choro os professores Bernardette, Maurício, Filipe Carneiro, Esmeralda Saraiva, Emília Barros, a C. Maria Laura Leonardo e o C. Souto Moura.
Quanto ao poema quantos mais formos a sonhar, mais probabiliades temos de alguns serem poderosos, e....