quinta-feira, 1 de maio de 2008

Era uma vez...

Todas as histórias felizes começam assim. Era uma vez…
Era uma vez uma menina que queria ser professora. Não tinha uma fada-madrinha, nem lhe faltavam trabalhos que a empurravam do caminho e ela via a Escola cada vez mais longe. Então, alguém se apiedou dela e a ensinou a usar uns truques e a menina voltou à Escola. Como demorou muito tempo a voltar, quando, de facto, voltou, já era quase uma senhora e, para abreviar, um dia encontrou um Príncipe encantado que andava transformado em Homem Bom, casaram-se, tiveram três filhos e foram felizes. Não para sempre, porque ambos sabiam que não existe Sempre. Bem, mas esta é só a introdução da História.
O Homem Bom mudou de curso, tirou outro, porque também gostava de ser professor e os dois trabalharam, anos e anos, nas mesmas escolas. Ele ensinava Geografia e ela ensinava Inglês e Técnicas de Tradução. Esta menina tinha muitas manias sobre ser professora e uma delas era que aquilo que se aprendia tinha que estar muito ligado à vida fora da Escola, porque senão parecia-lhe (a ela, e ela não queria que também parecesse aos seus Alunos) que a Escola e a Vida não tinham nada a ver uma com a outra.
Uma das suas manias era, por exemplo, não fazer os exercícios estereotipados, a não ser para Inglês ver… Um belo dia, andava ela e as suas duas turmas a dar “A Publicidade” e a discutir como a linguagem publicitária é tão sui generis que é quase impossível traduzi-la apenas directamente de uma língua para outra e decidiu a professora que o teste seria o seguinte: “Nesta folha de papel, concebe um slogan para um produto (tarefa 1) e cria um anúncio para esse mesmo produto, tendo em conta o canal de divulgação que vais usar (tarefa 2). Dá as instruções para construir o anúncio (tarefa 3). Podes criar uma marca ou um produto ou trabalhar sobre material já existente. Em inglês, claro!”
Apesar de tantas vezes ela dizer que pensar numa língua é mais fácil do que traduzir, quase toda a gente fez rascunho. E vou copiar para os que me lerem, o que uma aluna escreveu como rascunho, de que essa menina se assenhorou, para guardar como recordação:
Item: My teacher
Slogan: If you want to succeed, buy her!
E agora o rascunho:
“A TV Shop apresenta uma Professora de Técnicas de Tradução bastante útil. Esta maravilhosa Professora, além de vestir lindamente, é fácil de entreter: basta ter um livro para ler. Para além de ser uma óptima Professora de Inglês e de Técnicas, tem uma cultura geral que daria para fazer uma enciclopédia: ideal para ajudar os seus filhos a fazerem os trabalhos de casa, ficando você com muito mais tempo livre.
Como se não bastasse, tem invejáveis dotes culinários e até sabe fazer profiteroles! Para poder adquirir esta maravilha ligue já, pois este “produto” não se encontra à venda em lojas. Para a primeira pessoa que ligar oferecemos um Professor de Geografia, porque não funcionam um sem o outro. Ligue já para o 0641-366036. É uma oportunidade única!”
E olhem que, em Inglês, o “produto” também estava bem apresentado!
Há Professoras felizes, pois não há?!

5 comentários:

Fátima André disse...

Que história fascinante! Quase sinto inveja de não ter sido aluna dessa professora exemplar :)

BC disse...

Todas as histórias verdadeiras, são
sempre mais comoventes e quando bem escritas, maior valor têm.
Venho só dar-lhe as boas vindas,sou
assídua frequentadora do blog "Por Um Mundo Melhor", como já deve ter reparado, gentilmente o Raul passou-me a informação que tinha criado um blog,não quero de modo algum estar a intrometer-me, pois nem me conhece, mas na blogosfera é mesmo assim, vamos descobrindo pessoas,que de uma ou de outra forma vão fazendo parte da nossa vida e vão partilhando connosco muitas coisas boas.Bom começo
Para si um sorriso!
Fique bem

Raul Martins disse...

Era uma vez...
A doçura desta história, desta história de vida, fez-me lembrar outros momentos...
E emocionei-me e a avó, perdão, "mãe pirueta" sabe porquê...
Não nos fazem lembrar lindas histórias que nos ajudavam a crescer, a sermos bons meninos e bons filhos, que pai e mãe, avó e avô contavam ao cair da noite, no alpendre ou berço? E na cozinha... É verdade!
Mil sorrisos!

Fátima André disse...

bc
Fez-me lembrar uma outra história magnífica (a qual desconheço o autor) que tenho em ppt e que vou adicionar no meu blog "Revisitar a Educação". Fala desta viagem que é a vida, das pessoas que entram e saem da nossa vida e vão deixando rasto.

Anabela Magalhães disse...

Ah, pois há! Ainda há pofessoras que vão teimando em ser felizes!
Bjs