Há pouco estava a ver o noticiário da estação oficial. Uma apresentadora, aos gritos, tentava fazer-se ouvir por cima do ruído musical retro da inauguração do Tróia Resort. O assunto passou para estúdio e, logo a seguir, a mesma apresentadora resolveu falar com uma camponesa (sim, uma mulher do campo, vestida a preceito, e que andava a tratar da relva e dos jardins.
E que resolveu a jovem licenciada em jornalismo fazer? Perguntas estúpidas, paternalistas, complacentes, em que punha em causa uma série de valores sociais e profissionais. Perguntou-lhe se ela sabia o que era um resort. Depois, se ela contaria voltar lá. A senhora, candidamente, disse que talvez, se fosse preciso. E a menina, travessa, perguntou se ela sabia quanto custava viver ou simplesmente estar ali.
Fiquei indignada. Caramba, mas afinal não há ninguém que ensine boas maneiras a estes aprendizes de jornalistas? Já não basta a demonstração de ignorância com que tantas vezes nos presenteiam, temos também que aturar a falta de educação?
Haja alguém que ensine boas maneiras. Creio que é um campo com futuro: desde preparar autarcas para saberem apresentar-se em público e aprenderem a falar, até preparar todos os que vão a qualquer lado a representar Portugal e agora, praticamente, ensinar o que é delicadeza, respeito, consideração a todos os que lidam com o público. Desde empregados de balcão (desculpem, agora são assistentes de vendas - e por isso, só assistem, nós temos que fazer o resto...) até repórteres, jornalistas, entretendedores(!), há uma multidão de gente que julga que tem alguma classe quando humilha (ou tenta humilhar) os outros. Sem respeito pela idade, posição, nada.
Quando é que eu recomeço a dizer bem? Ah, para não levar nenhum ralhete indirecto, se calhar o melhor é fechar a loja... Mas, de qualquer maneira, eu também não gosto de dizer mal. Logo, ou há assunto ou não há.
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8 comentários:
A dizer bem ou mal nao interessa.
O que interessa é que estejas de volta.
As tuas críticas sao sempre justas.
Continua...
"Mit der Dummheit kämpfen Götter selbst vergebens"
Schiller
Continuo sem acesso às @-mails.
Saudacoes de Düsseldorf.
Ouma:
Welcome back! I truly missed you. It's true. There is a huge void in our society when it comes to good manners. I should know. I too lose my values when I feel my friends are threatened... But I don't think the problem is external. Good manners are taught at home! And, at times, at school. Parents don't have the time or patience to teach their children what is right or wrong and sometimes, frankly, I don't think they care. There is a crisis nowadays when it comes to childrens' upbringing. I see it in my cousins children. They let the kids run wild. They are loud, rude and narcissistic.
It does sadden me. Hope I do a better job when I have my kids... If I do...
Stay well Ouma
Big kiss
é que esse tipo de matéria dá ibope. se ela fizesse uma matéria sem exageros, talvez perdesse o emprego. infelizmente a mídia quer é vender mais anúncio no intervalo e ter mais público, então apelam. deprimente. beijos, pedrita
Mas alguém responsável se preocupa com a qualidade da nossa TV?
O que vale a quem tem um pouco mais de exigência são os canais por cabo/satélite que vão compensando a mediocridade confrangedora dos nossos programas.
O problema está na falta de educação e cultura que por aí grassa e que faz com que a esmagadora maioria dos espectadores aceite como ouro de lei todo e qualquer lixo que lhe entre pela casa dentro através do televisor.
feliz regresso, não faço mais comentários ao tema, pelo menos por agora, se não ainda fico mais azedo que as suas críticas...
Carmo,
venho só deixar-lhe um beijinho e desejar-lhe bom regresso.
Sorrisos Tribais :)
Olha Carmo, já somos duas. E não é propriamente dizer mal. É apenas constatar uma realidade imprópria para consumo. O meu botão da TV está praticamente desligado. Poupo na luz e ao mesmo tempo poupo os meus próprios neurónios. E não é que eles me agradecem?
Beijocas
Que bom que já temos novamente a avó Pirueta a escrever para nós. Um Bom regresso de férias.
E Para os jornalistas em geral pouco Compreensivos e uns Arrogantes Insuportaveis um poema:
ARRE, que tanto é muito pouco!
ARRE, que tanto é muito pouco!
Arre, que tanta besta é muito pouca gente!
Arre, que o Portugal que se vê é só isto!
Deixem ver o Portugal que não deixam ver!
Deixem que se veja, que esse é que é Portugal!
Ponto.
Agora começa o Manifesto:
Arre!
Arre!
Oiçam bem:
ARRRRRE!
Álvaro de Campos
Um Beijinho do Luis
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