Como sabem, estou naquela condição privilegiada de estar "em férias" mais ou menos permanentes e poder fazer, também mais ou menos, o que me apetece. Angola, este ano, está fora de questão, embora continue a fazer umas coisas para lá via Internet. Esta benção que Deus me mandou através de um pé partido, que me obrigou a olhar para dentro e para fora de mim, trouxe-me a sabedoria de aprender a ver os meus limites.
Mas, felizmente, tenho-me habituado a este ritmo a que nunca, nunca estive habituada: tenho usufruído, como nunca, da minha condição de idosa para viajar de comboio, tenho visitado Amigos que não via há anos (que bom, reencontrá-los como se nos tivéssemos visto ontem!) tenho lido e ando a aprender Esperanto.
Imaginem, eu a aprender esperanto nesta idade! Mas o facto é que esta "tarefa" me espevita, puxa por mim, abre-me horizontes. Aprender esperanto é, para mim, uma espécie de busca da língua única que todos os homens usariam, de acordo com a Bíblia, e que a arrogância associada à construção da Torre de Babel teria baralhado de tal forma que ainda hoje andamos a falar cada um para si, quantas vezes.
Aviso desde já que leio o episódio bíblico simbolicamente, mas não deixa de fazer muito sentido.
Poderia ter-me virado para o mandarim, que parece uma opção útil e necessária para os mais novos, mas se ainda sou capaz de plantar uma árvore sabendo que outros colherão os frutos (e eu os abençoarei por isso), não me apetece aprender uma língua só por utilidade.
Aprender esperanto tem qualquer coisa de incomum na sua aparente inutilidade. Digo "aparente" porque muita gente me pergunta o que é que me deu na cabeça... Ora, não deu nada demais nem de menos: talvez eu sinta essa língua como um elo universal e, ao mesmo tempo, como um código quase secreto.
Já agora gostaria de partilhar com os que me lêem que li um livro que pode ser um pouco perturbador, mas que para mim o não foi. Chama-se "O Evangelho segundo Pilatos", o seu autor tem muito a ver com a obra, e pacificou-me em relação a questões que se me punham há muito.
A biografia de D. Luís encheu-me as medidas, gostei de ler "Rainha Ginga" e de reler as obras do costume: "Não matem a cotovia", "Cem anos de solidão", "O Livro das Lendas" de Selma Lagerlof.
Ah, queria partilhar convosco uma alegria, entre as muitas com que Deus me abençoou: consegui, de facto, embora com ajuda, criar um jardim na minha varanda! What's a wonderful World!
terça-feira, 9 de setembro de 2008
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22 comentários:
que lindo, um jardim na varanda. eu tenho várias plantas apesar de morar em um apartamento não muito grande e sem varandas. mas as amo de paixão e embelezam minha vida. beijos, pedrita
Fico muito contente por ti. Por manteres a chama acessa da curiosidade. Projectos. Projectos. São "apenas" fundamentais.
Bj
Espero que o teu jardim te dê muita alegria. As flores, as plantas e o cuidar delas são um lenitivo para a alma. Abraço
P.S. Recomendo o livro «Para além de Capricórnio» de Peter Tricket. Um bombom para levantar o nosso orgulho nacional que ultimamente anda de rastos.
Carmo
Não há idade para se aprender e sentir prazer nisso. Pode ser culinária, jardinagem, história, línguas, enfim, aquilo que fizer sentido naquele momento. E é isso que nos mantêm jovens!
(estava com saudades de seus textos. Eu agora, estou trabalhando temporariamente e tenho tido pouco tempo para blogar)
Beijocas
Denise
Também tenho dois jardins nas minhas duas varandas. Adoro estar na varanda a ler.
Aprender "esperanto" é que nao.
Continuo sem acesso à @-mail. Ainda vou esta semana tratar disso.
É um caso complicado.
Saudacoes de Düsseldorf!
A sabedoria de ver os limites... Penso que é das aprendizagens mais dificeis da vida, pelo menos para mim.
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Esperanto! sempre a surpreender. Sei que há imensa gente motivada na aprendizagem dessa lingua facilitadora - dizem- de contacto entre pessoas de línguas muito diferentes e que é uma experiência gratificante a nível pedagógico. Força. Gostava que partilhasses a tua experiência dessa aprendizagem. Quem sabe arrastes outros contigo. E entre eles, eu. Mas será possível que o esperanto se torne na tal língua única? E a comparação com o episódio bíblico faz realmente sentido.
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E continuas a incentivar-nos à leitura com excelentes exemplos... e eu que ando muito preguiçoso...
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Um sorriso imenso para ti.
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Carpe diem!
Hoje não venho falar de línguas,avó
regressarei, mais tarde a entrar na normalidade.
Faltáva-me alguém a minha avó Pirueta, outra ausência sempre notada.
Regressei, explicações para depois, já disse alguma coisa, mas o que importa é estou de volta para os amigos e para a poesia.
Beijinhos e sempre os meus sorrisos.
Isabel
Ficamos mais tranquilos ao saber das novas piruetas!
Confesso que do que sinto inveja é das boas (re)leituras. Inveja, bem... lá voltariamos às questões sobre a virtude.
Aqui, na vida activa, vamos ficar afogados em papéis, quase todos tão inúteis quanto desnecessários.
Muitos beijinhos, Carmo.
Para surpresa minha recebi um prémio da blogosfera pelas maos da Renard. Devo escolher 7 blogues.
Queria escolher-te a ti. Receio que nao queiras. Tinha-te feito esta pergunta por @mail se pudesse.
Fiz a mesma pergunta ao meu blogue preferido, pois sinto-me nestas coisas muito insegura.
Espero a tua resposta, querida Carmo.
Saudacoes de Düsseldorf!
Tens um sorriso no meu blogue.
Beijinhos e dá novas.
avó pirueta ca sodades. a nha maria finalemente alevantou do castigo ca foi dum martiro na digo nada. custou munte ca sérve de lissão né? agora vames tere tempo camodos de lêre as suas istírias e tamém do raul.
ai nhávó um abrace munte munte apertadinhe
na é istirias qué istórias.
Está zangada connosco avó?
Ou anda gozar as férias, sua marota.
Deixa-nos abandonados tanto tempo,
SENTIMOS A SUA FALTA,A SÉRIO.
PALAVRA DE ESCUTEIRA.
Beijinhos Isabel
Cumprimentos do pai MARIANO, ESTIVE NO FIM DE SEMANA COM ELE.
Grande Avó. Quanta ternura no que escreve. Fantástico trabalho de voluntariado.
Quantas saudades tenho do país que me viu nascer e onde tudo ficou.
Obrigada pelo amor a África e pela entrega dedicada que está a fazer a tantos que acolhe no seu regaço de amor.
Parabéns.
Beijinho.
A bc pergunta-te: "Está zangada connosco avó?" Bem, nao acredito que sejas pessoa de te zangar seja com quem for.
"Ou anda gozar as férias, sua marota." Isso já acredito mais.
Só tenho receio que a causa seja o teu pé.
SENTIMOS A SUA FALTA.
Avó Pirueta, espero que não me processe, pois acabo de lhe roubar uma frase para o meu espaço que abri agora. Há largos meses que passo por aqui diáriamente e agora decidi ter também um espacito para mim.
Com amizade.
Bis: Sentimos a sua falta, avó blogosférica, irmã embondeiro!
Soube hoje que vais visitar a escola do Gui. Ele está em pulgas para te conhecer.
Depois de uma guerra enorme com a Vodafone e a arcor, resolvi aceitar um novo endereco@mail.
Vou-to mandar. O pior é que perdi tudo o que tinha registado lá.
Manda só umas palavrinhas...
HÁ MTO QUE ANDO PARA LER O LIVRO DAS LENDAS... vamos a ver se é desta...
o jardim na varanda dá logo um perfume ao coração... e ajuda a florescer sempre que regamos olhamos ou conversamos com a terra as raízes e as plantas...
beijinhos das nuvens
atão ó nhávó cagente imigrou pó xtrangêiro?
queu e a nha maria tames cum sôdades né?
um raminhe danlecrim cum abracinhe
Hás vezes é importante pararmos para fazer coisas que já não faziamos há muito tempo. É pena que por vezes essas paragens tenham que ser por circunstâncias que nos ultrapassam e não quando queremos.
Quanto ao jardim as flores são a beleza de qualquer jardim ou de qualquer casa.
Grande Ausência aqui na blogosfera.
Espero que esteja a aproveitar bem este final de verão cá no nosso cantinho europeu. E quando voltar , venha cheia de bonitas histórias para nos contar. Já estamos a contar os dias que faltam para ter noticias suas.
Será que é antes do Outono? 23-Set? Vai ser o Equinócio de Outono. O Sol passa para a situar-se para lá do plano do Equador. os dias vão encolher. E as noites vão ficar mais longas.
beijinho, Luis
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