quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
O que é que se passa connosco?
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
A minha Oração de Natal de 2009
Senhor Menino Deus,
Estou à Tua espera, confiante,
Como aquela criança que um dia Te esperou.
Já não te peço a boneca de pano, tão sonhada,
Já não espero o livro da Condessa de Ségur.
Mas sinto este cheiro dos sonhos e canela
Que se solta das lojas da cidade,
Descubro sorrisos verdadeiros
Pendurados em rostos ansiosos,
Pressinto as angústias escondidas
Por detrás de rugas juvenis
E com o atrevimento que já conheces
Peço-te, meu Senhor Menino Deus,
Que me dês um Sinal.
Recordo-te, Menino, que quando
O sapateiro Martinho te pedia
Que o deixasses ver-Te,
Tu lhe prometeste que Te veria, sim.
Dia após dia ele Te esperou
Na sua oficina rebaixada
Por onde via passar a multidão.
E foi assim que, esperando,
Ajudou a viúva e os seus meninos,
Deu a sopa quente ao velho sem família,
E a laranja à criança triste que passou.
E quando, à noite,
Triste e desencantado Te perguntou
Por que não tinha merecido que viesses,
Que lhe respondeste, Deus Menino?
“Martinho, eu estive contigo. Tu viste-me.
Viste-me naquela mãe desesperada,
Viste-me no velhinho que aqueceste,
Viste-me na criança que afagaste.
Era eu, Martinho, sempre eu”.
Martinho compreendeu e aprendeu a ver-Te em cada irmão.
Mas eu, se não me ajudares,
Se não abrires meu coração e os meus olhos,
Esperar-te-ei todos os dias da minha Vida
E talvez até descreia em Ti.
Por isso, meu Menino, abre meu coração e os meus olhos
Para que eu Te veja também em cada Outro,
Porque é assim que quero receber-Te
Quando outra vez nasceres neste Natal.
Não peço nada para mim, Senhor Menino,
Tenho Pão, tenho Calor, tenho o Carinho
De tantos Amigos que me deste.
Quero apenas ser capaz de Te encontrar
Em cada um dos que sofrem e procuram
Um pouco de Paz, Amor e Alegria.
Por quanto tempo, Senhor, hei-de esperar
Para Te descobrir em cada Irmão?
Peço-Te, ao menos, meu Menino,
Que a todos dês, no Dia em que nasces novamente
E em todos os que concederes a cada um,
Um Santo Natal e um Ano Novo Bom.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
O Bem não vende nem parece interessar a muita gente
O Bem não vende...
Não posso passar sem ler jornais, compro um religiosamente todos os dias, dois ao sábado, dois ao domingo, duas revistas semanais e uma mensal. Já descobri, quase com vergonha, que, quando pelas minhas andanças africanas, o que mais falta me faz são os jornais, nos locais onde não tenho aceso à NET. Porque a família, essa posso sempre contactá-la pelo telefone, claro...
Mas ler os jornais é, cada dia, e cada vez mais, uma autêntica provação. Quero ser informada, mas não leio notícias, porque não m’as dão: leio comentários, opiniões pessoais, julgamentos de factos sobre os quais não nos são fornecidos todos os dados. A pensar nisto, lembrei-me de um episódio que ocorreu no último ano em que dei aulas (2002-2003).
Pedi aos meus alunos que fizessem um pequeno trabalho de casa: que escrevessem, cada um, uma frase idiomática, em inglês, em que entrasse uma cor. Talvez porque não costumo marcar muitos TPC's, a maior parte "esqueceu-se" de o fazer. Uma simples frase! Mas uma aluna das que se sentam à frente, daquelas que, não sendo brilhantes, querem absorver tanto o que o professor diz (falo por mim) que até se inclinam para a frente, como que tentando aprender através dos poros, uma dessas alunas, também não tinha feito o tal TPC que eu achara que os iria interessar muito. Olhei para ela, sem perguntar nada, e ouvi, em voz quase inaudível: "Professora, o que é uma frase idiomática?"
Não me zanguei, apesar de já ter falado não sei quantas vezes em frases idiomáticas, em como é difícil traduzi-las, mas também no colorido que dão às línguas. Então, resolvi fazer uma "revisão da matéria dada" e fiquei um bocado preocupada: é que eles também não sabem, em Português, o que quer dizer "estar verde de inveja", em que situação se diz "ficar vermelho como um tomate" ou "estar mesmo a pedi-las", "pernas para que vos quero", entre outras. E só estou a mencionar as mais simples.
Perguntei-lhes: "Mas o que é que vocês sabem, contem-me lá?" Eles sabiam imensas coisas com que eu nem sonhava, informação via TV, revistas especializadas para jovens, vídeos, jogos de computador, etc. Lá fui eu dar uma vista de olhos aos programas que viam, às revistas que liam, a um vídeo que me emprestaram e só não me arrisquei nos jogos porque sou uma nódoa no assunto... E não me admirei do pouco que sabiam da sua língua. Tudo aquilo era, na maioria, de uma pobreza franciscana em termos de linguagem e de muito mau gosto a nível de conteúdos, na minha opinião. Reparei, contudo, que começavam a falar de coisas que viam nos telejornais e até já liam alguns jornais, mas esses só de acordo com o que vinha na 1ª página.
Entretanto, muitas coisas aconteceram mas tenho agora a certeza de que, continuando a observar a realidade através dos jornais e da TV, pouco de Bem podem aprender. O Bem não vende. Quantas pessoas se entregam a ajudar crianças, a tomar conta de idosos que lhes não são nada, a visitar doentes, a procurar trabalho para desempregados, a ensinar pessoas para que se valorizem? Provavelmente mais dos que os que são pedófilos, que roubam, que corrompem e são corrompidos. E quem fala deles? Ninguém, porque o Bem não vende.
Em toda a parte, a toda a hora, há gente que procura melhorar o Mundo em que vivemos, tentando torná-lo mais humano, mais solidário, mais igual. Organizam-se eventos para actualizar certos sectores profissionais e os meios de comunicação "desconhecem-nos", mesmo que eles atraiam 1000 pessoas, sob a justificação de que há um patrocinador e falar do caso seria fazer publicidade. Mas aquilo que lemos todos os dias, o que vimos e ouvimos não é publicidade ao Mal, aos que vivem desse Mal, aos que se arrogam o direito de "lavar o Mal"? É que o Mal vende, ele sabe encontrar os seus agentes distribuidores. O que aconteceria a um jornal em que predominassem as boas notícias?
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
O Natal do Menino Negro
O Desafio do Raul para o Natal
1. Eu já... passei Natais tão diferentes que não consigo decidir qual marcar como mais importante. Mas recordo o de 2007, que passei apenas com a minha empregada-Amiga de 29 anos, a Gorete, e em que depois de jantar fomos levar doces natalícios a uma residência universitária onde os estudantes são predominantemente de países de língua portuguesa. Penso que devo informar que, cá em casa, os Natais em família são passados ano sim, ano não, pois os meus filhos também têm os outros pais, os sogros. "Faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti."
2. Eu nunca... pude deixar de recordar, por mais esforços que faça, aquele excerto de poema, cujo autor e data esqueci, que li em adolescente num jornal de Angola: "Menino Jesus não foi no meu cubata/ ou com medo que a gente comesse Ele/ ou receio talvez que minha pai lhe bata./ Branco é rico, vive felizmente/ mas preto ser mais pobre que ninguém/ Está tão coitadinho, tão marmente/ que nem um Jesus pra ele tem." É só mudar as cores, manter as situações, e olhar para o lado: há brancos pretos que não têm um Jesus e vice-versa. "Ama os outros como a ti mesmo".
3. Eu sei... que o Natal é um estado de espírito que tem um gosto e cheiro que só a alma apreende. Mas é também esta luminosidade de sorrisos pendurados no rosto das crianças inocentes e a ansiedade modesta das pessoas que passeiam sonhos e desejos frente às montras sem se amargurarem, felizes de estarem vivos e terem saúde. "Não cobices os bens do próximo, pois não sabes o preço que pagaram por eles."
4. Eu quero... neste Natal, lembrar-me e falar com familiares e amigos com quem ultimamente tenho andado um pouco distante, como o Raul. E fazer mais aquilo que penso. "Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje, nem invejes o galo que canta, pois quem te diz que cantará amanhã?"
5. Eu sonho... que os homens serão capazes de lutar e construir, com todas as suas forças e empenho, um MUNDO MELHOR. Não há sonho melhor do que este, também do Raul. Faço-o meu também. "Sonha coisas impossíveis. Elas demoram apenas um pouco mais de tempo do que as difíceis".
6. Eu prometo ... que vou tentar ter pelo menos 12 Natais em 2010, um por cada mês.Afinal, não é monopólio do Poeta dizer que Natal é quando o Homem quiser. "Se eu não acreditar em mim, quem vai acreditar?"
Bato à porta dos seguintes blogues para também os desafiar a falarem um pouco do Natal. Os blogues são:
EXISTENTE INSTANTE
TERREAR
CLAP!CLAP!CLAP!
TEMPO DE TEIA
EMATEJOCA